Tuesday, October 28, 2008
CASO SÉRIO
O título desta crónica podia ser outro bem mais forte e violento. O jogo de Sábado passado foi uma verdadeira avalanche para os do Mânfios FC. Não é todos os dias que se vê uma tamanha diferença entre as duas equipas. Essa diferença saldou-se por um resultado final esmagador, e que, apesar dos 10-1 que servem para comprovar as facilidades concedidas aos brutenses, não demonstram inteiramente o que se passou dentro do rectângulo de jogo. O jogo foi construído pelo total mérito de Sotor e seus discípulos, mas também pelo terrível demérito de uma equipa que, apesar de ter começado muito bem a partida, não conseguiu manter o nível do seu futebol e demonstrou ter muitas mais fragilidades do que aquilo que se podia prever.
E o MFC até fez alinhar a quase totalidade dos seus habituais jogadores. Rodrigues, Chica, João, Huga, Golias, Filipe, Bruno e Barandas davam todas as garantias aos seus adeptos de que desta vez a coisa não seria tão fácil como nos últimos encontros com o FB. E a comprová-lo estão os primeiros quinze minutos de jogo, um período de tempo em que o MFC foi dono e senhor dos acontecimentos e em que não deu quaisquer hipóteses aos brutenses de demonstrarem o seu melhor futebol. A solidez defensiva e a facilidade com que se aproximavam da baliza contrária, deixava a impressão de que o jogo podia pender sem surpresas para a equipa da casa. Tal não se concretizou.
Jogando com Sotor, Carlos, Paulo, George, Aranhiço, Simão e os brasileiros Júlio e Iuri, a equipa brutense conseguiu ultrapassar as dificuldades iniciais – provocadas unicamente pela inadaptação do conjunto a uma táctica e a jogadores pouco costumeiros – e conseguiu fazer um jogo a roçar a perfeição. Para ter uma ideia, os dez golos marcados sucederam-se em menos de uma hora, facto que só demonstra a avassaladora força atacante do FB. Simão fez o jogo da sua vida, e foi ele o primeiro a dar mostras de que queria rapidamente limpara a imagem desses tais quinze minutos iniciais. Maduro, consciente do que era preciso fazer, Simão vestiu a pele do puro nº 10, distribuindo jogo, recuperando bolas ainda na defesa contrária, e estando praticamente em todas as jogadas que culminaram em golo. Acrescentou três à sua conta pessoal, e foi, sem dúvida alguma, o melhor em campo. Carlos foi o melhor marcador, com quatro tentos, e ultrapassou o seu colega Paulo na tabela dos melhores do campeonato. Fez um jogo também ele exemplar, demonstrando um sentido posicional perfeito, esforçando-se na luta pela posse da bola e estilhaçando por completo a defesa contrária. Fez um jogo à Carlos, e voltou a ser o ponta de lança de outrora. Sotor, Iuri e Júlio iniciaram a partida de uma forma atabalhoada e desorganizada, atrapalhando-se e perdendo a bola vezes de mais. Aos poucos, e muito por culpa de Simão, começaram a definir melhor as suas posições, e deram início a um verdadeiro festival de troca de esférico. Deslumbraram o público e confundiram os adversários. De tal forma que a partir dos quinze minutos, poucas foram as jogadas com algum nexo da parte do MFC, e poucos foram os minutos de posse de bola. As escassas tentativas de ataque perpetradas foram facilmente anuladas por Paulo e George, e mesmo Aranhiço foi praticamente um espectador entediado. Tudo corria bem aos brutenses. Passes, desmarcações, remates à baliza. Os golos surgiam de forma demasiado fácil, e alguns bastante espectaculares, diga-se. Um deles, apontado por Júlio, é já o melhor da actual temporada. Carlos fez um passe bombeado para a entrada da área, onde o brasileiro, descaído na direita, esperou que ela batesse uma vez no solo para de imediato executar um poderoso remate à meia volta. A bola encaixou-se junto ao poste mais longe da baliza de Rodrigues, impotente para fazer fosse o que fosse. Foi apenas o quinto golo brutense, mas serviu como a afirmação indesmentível de que o jogo já não mais penderia para o lado manfioso.
Individualmente pouco ou nada há a dizer dos jogadores do MFC. Chica voltou a não arriscar o que sabe e pode fazer, quase não rematou à baliza e foi praticamente espectador das rápidas e imparáveis jogadas brutenses. Como espectador foi Golias. Recentemente regressado de uma lesão, o potente e versátil jogador limitou-se a destruir as jogadas brutenses desenroladas na sua área de acção. Foi impedido de participar nas acções atacantes da sua equipa – onde costuma ser preponderante – e não fez um único remate à baliza de Aranhiço. Huga, Bruno e Barandas estiveram quase todo o jogo ausentes de qualquer decisão, e contribuíram decisivamente para a confusão generalizada que foi o futebol manfioso. Apenas Filipe se mostrou esclarecido e com vontade de lutar sempre contra a maré do jogo. Marcou um belo golo, e continua a ser o melhor jogador manfioso da temporada.
Portanto, o caso sério do título é tão somente transformação profunda sofrida pela equipa do Mânfios, que perdeu, de um momento para o outro, todos os seus atributos. Poderá o leitor teorizar acerca da falta que um jogador como Murta faz a qualquer equipa do campeonato. Não há jogador tão voluntarioso quanto o implacável central manfioso, que sabe como ninguém compensar uma evidente falta de técnica individual com um esforço redobrado, e com uma força guerreira que não parece ter fim. A lesão que o tem apoquentado, traduz-se directamente nas quatro derrotas sofridas pela sua formação, mas não serve para explicar a inegável perda de qualidade, sensatez e de esclarecimento que os seus atletas tão fortemente denunciam. A situação actual permite ao escriba arriscar a previsão de um campeonato fácil para os brutenses. Contudo, a verdade é que somente se jogaram cinco partidas de uma temporada longa, e que muito tem ainda para dar.
Os fãs do melhor futebol desesperam por um equilíbrio na tabela, espelhada em verdadeiros combates, bem disputados e com resultado incerto. Se isso não se verificar, resta a todos os espectadores o exercício de puro sadismo que é ver até que ponto podem os manfiosos continuarem a ser humilhados.
A diferença na tabela classificativa é já de 12 pontos, e os três melhores marcadores do campeonato são todos eles brutenses. No entanto, também a época passada começou desta forma, desnivelada e com uma forte predominância da equipa de Sotor. A facilidade não era a mesma, porém, e os encontros eram disputados até ao último golo. As coisas mudaram radicalmente, e parece não haver uma explicação definitiva sobre o que se terá passado no balneário manfioso.
Como sempre, continuamos sempre à espera da próxima jornada, na esperança de que se possa observar algum tipo de mudança. O campeonato ganhava com isso, e todos os fãs de futebol também.
O título desta crónica podia ser outro bem mais forte e violento. O jogo de Sábado passado foi uma verdadeira avalanche para os do Mânfios FC. Não é todos os dias que se vê uma tamanha diferença entre as duas equipas. Essa diferença saldou-se por um resultado final esmagador, e que, apesar dos 10-1 que servem para comprovar as facilidades concedidas aos brutenses, não demonstram inteiramente o que se passou dentro do rectângulo de jogo. O jogo foi construído pelo total mérito de Sotor e seus discípulos, mas também pelo terrível demérito de uma equipa que, apesar de ter começado muito bem a partida, não conseguiu manter o nível do seu futebol e demonstrou ter muitas mais fragilidades do que aquilo que se podia prever.
E o MFC até fez alinhar a quase totalidade dos seus habituais jogadores. Rodrigues, Chica, João, Huga, Golias, Filipe, Bruno e Barandas davam todas as garantias aos seus adeptos de que desta vez a coisa não seria tão fácil como nos últimos encontros com o FB. E a comprová-lo estão os primeiros quinze minutos de jogo, um período de tempo em que o MFC foi dono e senhor dos acontecimentos e em que não deu quaisquer hipóteses aos brutenses de demonstrarem o seu melhor futebol. A solidez defensiva e a facilidade com que se aproximavam da baliza contrária, deixava a impressão de que o jogo podia pender sem surpresas para a equipa da casa. Tal não se concretizou.
Jogando com Sotor, Carlos, Paulo, George, Aranhiço, Simão e os brasileiros Júlio e Iuri, a equipa brutense conseguiu ultrapassar as dificuldades iniciais – provocadas unicamente pela inadaptação do conjunto a uma táctica e a jogadores pouco costumeiros – e conseguiu fazer um jogo a roçar a perfeição. Para ter uma ideia, os dez golos marcados sucederam-se em menos de uma hora, facto que só demonstra a avassaladora força atacante do FB. Simão fez o jogo da sua vida, e foi ele o primeiro a dar mostras de que queria rapidamente limpara a imagem desses tais quinze minutos iniciais. Maduro, consciente do que era preciso fazer, Simão vestiu a pele do puro nº 10, distribuindo jogo, recuperando bolas ainda na defesa contrária, e estando praticamente em todas as jogadas que culminaram em golo. Acrescentou três à sua conta pessoal, e foi, sem dúvida alguma, o melhor em campo. Carlos foi o melhor marcador, com quatro tentos, e ultrapassou o seu colega Paulo na tabela dos melhores do campeonato. Fez um jogo também ele exemplar, demonstrando um sentido posicional perfeito, esforçando-se na luta pela posse da bola e estilhaçando por completo a defesa contrária. Fez um jogo à Carlos, e voltou a ser o ponta de lança de outrora. Sotor, Iuri e Júlio iniciaram a partida de uma forma atabalhoada e desorganizada, atrapalhando-se e perdendo a bola vezes de mais. Aos poucos, e muito por culpa de Simão, começaram a definir melhor as suas posições, e deram início a um verdadeiro festival de troca de esférico. Deslumbraram o público e confundiram os adversários. De tal forma que a partir dos quinze minutos, poucas foram as jogadas com algum nexo da parte do MFC, e poucos foram os minutos de posse de bola. As escassas tentativas de ataque perpetradas foram facilmente anuladas por Paulo e George, e mesmo Aranhiço foi praticamente um espectador entediado. Tudo corria bem aos brutenses. Passes, desmarcações, remates à baliza. Os golos surgiam de forma demasiado fácil, e alguns bastante espectaculares, diga-se. Um deles, apontado por Júlio, é já o melhor da actual temporada. Carlos fez um passe bombeado para a entrada da área, onde o brasileiro, descaído na direita, esperou que ela batesse uma vez no solo para de imediato executar um poderoso remate à meia volta. A bola encaixou-se junto ao poste mais longe da baliza de Rodrigues, impotente para fazer fosse o que fosse. Foi apenas o quinto golo brutense, mas serviu como a afirmação indesmentível de que o jogo já não mais penderia para o lado manfioso.
Individualmente pouco ou nada há a dizer dos jogadores do MFC. Chica voltou a não arriscar o que sabe e pode fazer, quase não rematou à baliza e foi praticamente espectador das rápidas e imparáveis jogadas brutenses. Como espectador foi Golias. Recentemente regressado de uma lesão, o potente e versátil jogador limitou-se a destruir as jogadas brutenses desenroladas na sua área de acção. Foi impedido de participar nas acções atacantes da sua equipa – onde costuma ser preponderante – e não fez um único remate à baliza de Aranhiço. Huga, Bruno e Barandas estiveram quase todo o jogo ausentes de qualquer decisão, e contribuíram decisivamente para a confusão generalizada que foi o futebol manfioso. Apenas Filipe se mostrou esclarecido e com vontade de lutar sempre contra a maré do jogo. Marcou um belo golo, e continua a ser o melhor jogador manfioso da temporada.
Portanto, o caso sério do título é tão somente transformação profunda sofrida pela equipa do Mânfios, que perdeu, de um momento para o outro, todos os seus atributos. Poderá o leitor teorizar acerca da falta que um jogador como Murta faz a qualquer equipa do campeonato. Não há jogador tão voluntarioso quanto o implacável central manfioso, que sabe como ninguém compensar uma evidente falta de técnica individual com um esforço redobrado, e com uma força guerreira que não parece ter fim. A lesão que o tem apoquentado, traduz-se directamente nas quatro derrotas sofridas pela sua formação, mas não serve para explicar a inegável perda de qualidade, sensatez e de esclarecimento que os seus atletas tão fortemente denunciam. A situação actual permite ao escriba arriscar a previsão de um campeonato fácil para os brutenses. Contudo, a verdade é que somente se jogaram cinco partidas de uma temporada longa, e que muito tem ainda para dar.
Os fãs do melhor futebol desesperam por um equilíbrio na tabela, espelhada em verdadeiros combates, bem disputados e com resultado incerto. Se isso não se verificar, resta a todos os espectadores o exercício de puro sadismo que é ver até que ponto podem os manfiosos continuarem a ser humilhados.
A diferença na tabela classificativa é já de 12 pontos, e os três melhores marcadores do campeonato são todos eles brutenses. No entanto, também a época passada começou desta forma, desnivelada e com uma forte predominância da equipa de Sotor. A facilidade não era a mesma, porém, e os encontros eram disputados até ao último golo. As coisas mudaram radicalmente, e parece não haver uma explicação definitiva sobre o que se terá passado no balneário manfioso.
Como sempre, continuamos sempre à espera da próxima jornada, na esperança de que se possa observar algum tipo de mudança. O campeonato ganhava com isso, e todos os fãs de futebol também.
Thursday, October 16, 2008
E ao quarto jogo ficou evidente a certeza de que este campeonato vai ser marcado pelas contradições que caracterizam cada uma das equipas envolvidas.
O MFC é claramente uma formação de ataque, possante, atlética, de jogadores rápidos e que não têm dificuldades em marcar golos. No entanto, a equipa apresenta sérias dificuldades de concentração, que acabam invariavelmente por interferir na organização de jogo, e que impedem os jogadores manfiosos de se exibirem de uma forma equilibrada e constante.
O FB apresenta uma experiência e maturidade que fazem toda a diferença, e que se manifestam principalmente na forma calma e segura como abordam cada jogo e numa defesa temível e à prova de bala. O seu futebol é bem desenhado, e evolui no relvado com aparente facilidade e organização. Contudo, é precisamente pela defesa que as coisas mais se têm complicado. A equipa é capaz de ganhar um jogo graças ao trabalho irrepreensível de Paulo, George e Aranhiço, e nesse mesmo jogo sofrer inúmeros golos em consequência de erros defensivos infantis.
Estas características têm sido uma constante neste início de temporada, e o último jogo foi precisamente um óptimo exemplo disso mesmo.
Começou rápido, o embate entre os dois colossos do campeonato, com golos sucessivos e alternância constante no marcador. Adiantou-se a equipa do MFC que, alinhando com Huga, Chica, Filipe, Barandas e Rodrigues, rapidamente conseguiram o primeiro tento. A resposta brutense, que começou o jogo com Bruno, Carlos, Sotor, Paulo, George e Aranhiço, foi imediata, e o andamento do marcador foi equilibrado até ao empate a três golos. Nessa altura, e precisamente por causa da tal desorganização manfiosa, os brutenses conseguiram uma confortável vantagem de dois golos. Vantagem essa que não resistiria muito tempo, já que o MFC, liderado por um Huga menos inspirado que em outras ocasiões, mas sempre intenso, conseguiu empatar novamente e relançar alguma emoção num jogo que ameaçava ter um fim rápido e demasiado fácil. Convém nesta altura fazer um ponto de ordem, e explicar que ambas as equipas jogavam de forma completamente diferente. O FB chegava com relativa facilidade à baliza de Rodrigues, mas as ocasiões de golo eram sucessivamente desperdiçadas pelos seus atacantes - Bruno esteve, neste ponto, particularmente infeliz, o que é de certa forma consentâneo com um péssimo início de época -, e a defesa jogava de forma harmoniosa e esforçada, não dando espaço aos avanços manfiosos, e bloqueando muitas das tentativas de remate. Enquanto isso, o MFC precipitava-se em más decisões e aparentava um certo descontrolo emocional; os jogadores não se entendiam, não conseguiam assumir uma posição no rectângulo de jogo e começavam a denotar algum cansaço físico. Porém, a potência manfiosa é realmente algo de impressionante, e com o resultado empatado a cinco tentos, os manfiosos conseguiram aproveitar os tais erros defensivos do FB – e algum nervosismo despropositado – para conseguirem dois golos sucessivos e aproximarem-se daquilo que seria uma vitória importante. Mas as coisas nem sempre são assim tão fáceis, especialmente quando estamos a falar de duas equipas com tanta qualidade e que apresentam inúmeras soluções. O FB voltou a empatar a contenda, graças ao magnífico jogo de Paulo e Carlos, e a emoção e incerteza no resultado mantiveram-se, para gáudio dos adeptos de ambos os emblemas. O oitavo golo do MFC foi também o seu canto do cisne. A partir daí o jogo foi dos brutenses, que dispuseram de inúmeras oportunidades de golo, e que assumiram de uma vez por todas, e sem dar margem a dúvidas, que aquele jogo seria deles e não do seu adversário. Carregaram sobre a defesa manfiosa, pressionando de forma sufocante o seu gaurdião, e isto sem nunca perderem a cabeça; sem uma grama de precipitação ou de desorganização. Esta é a verdadeira arma brutense, a frieza que, em situações difíceis, lhes permite manter o seu futebol apoiado e bem alicerçado.
Foi com naturalidade que conseguiram três golos sem resposta, vencendo mais uma partida e enviando uma forte e ameaçadora mensagem aos seus rivais: este campeonato pode ficar decidido no fim da primeira volta.
Há, contudo, alguns pormenores que merecem ser destacados, e que servem para explicar mais um desaire manfioso. Nomeadamente a falta de tantos jogadores importantes na equipa, e que costumam ser predominantes para a manutenção de um estilo de jogo forte e opressor. Qualquer equipa do mundo que alinhe sem Golias, Murta e João, é à partida uma equipa fragilizada. Exemplo dessa fragilidade é a forma como o jogo de Chica, por exemplo, sofre tanto com a falta dos colegas. Impossibilitado de atacar como sabe e bem, o jovem médio remete-se à defesa, e não colabora, como dele era esperado, no ataque à baliza contrária. Chica marcou aquele que é o seu primeiro golo neste campeonato, o que é manifestamente pouco para um atleta da sua qualidade. Visivelmente cansado, Chica não consegue acompanhar os seus colegas nos ataques planeados e muito menos nos contra-ataques; remata pouco ou quase nada, e exagera nos passes à entrada da área, zona do campo onde é um dos mais perigosos jogadores do campeonato. Huga, que começou a temporada de forma impressionante, começa lentamente a cair nos mesmos erros da época passada. Mantém o seu estilo de jogo tão característico, sempre de cabeça levantada, sempre atento e observador, mas perdeu já algum esclarecimento no momento de rematar à baliza, e entra em picardias desnecessárias com os adversários e inclusive com os colegas de equipa. Começou bem este encontro e marcou aquele que é, até ver, o mais belo golo deste campeonato. Bruno está a fazer um início de temporada literalmente para esquecer. Remata mal, esquece-se de que existem mais jogadores em campo, e apresenta uma forma física que não é condizente com a sua juventude. Barandas, por sua vez, tem uma inegável vontade de vencer, não sabe é o que fazer com ela. Joga em todo o lado, remata de todo o lado, esquece-se de defender, e ainda não está em forma para um campeonato tão exigente. Ninguém desconfia das suas verdadeiras capacidades, mas a verdade é que ainda faltam alguns quilómetros para que Barandas possa estar ao nível dos seus colegas. Em boa forma estão Rodrigues e Filipe. O veterano guardião parece ter regressado à sua melhor forma, e tem feito exibições de encher o olho. Foi, durante largos minutos, o salva-vidas do MFC, impedindo um sem número de golos fáceis. A Filipe fizeram-lhe bem as férias. Mais maduro, o avançado tem conseguido evitar aqueles erros do passado e está visivelmente mais ponderado e mais adulto. Marca bons golos, e apresenta um invulgar sentido posicional.
Quanto ao FB, é evidente o seu actual estado de graça. Os jogadores estão entrosados, relaxados, e denotam uma forte ligação táctica. Pese embora alguns erros defensivos – que surgem principalmente de um incerto posicionamento no centro do campo -, a verdade é que parecem, para já, imbatíveis. Paulo está a fazer a melhor época da sua carreira. Sem nunca se esquecer da sua verdadeira função de central, o poderoso jogador descobriu uma veia goleadora indesmentível, e lidera destacado a tabela dos melhores marcadores com uns impressionantes dez golos em quatro jogos – só neste jogo apontou quatro golos. Para além disso, Paulo demonstra uma magnífica disciplina táctica, uma forma física invejável, marca golos dignos do melhor dos avançados, e ainda consegue defender como sempre o fez e sem recorrer à falta, característica que durante anos o definiu de forma inegável. Sotor, esse, tem vindo a decair, e já há dois jogos que não consegue atingir o nível dos dois primeiros embates. Perdido no rectângulo de jogo, o veterano capitão não só não consegue chegar a todas as bolas nem combater todos os seus adversários, como ainda se esgota fisicamente. Ou seja, não ajuda a sua equipa e cria espaços demasiado perigosos no seu meio campo. São esses espaços que muitas vezes dão a oportunidade aos atacantes manfiosos de conseguirem golos fáceis. Carlos começa aos poucos a ser o terrível avançado que se conhece. Já recuperou alguma da sua velocidade e potência, pelo que os próximos embates serão determinantes para se saber com certeza se vamos ou não ter o Carlos de sempre neste campeonato. Para já partilha o segundo lugar da lista de marcadores com Huga; será que tem capacidade de lutar pelo primeiro? De Aranhiço pouco há a dizer. Tem feito uma época practicamente irrepreensível, quase isenta de erros, e continua a ser o primeiro vértice de um triângulo defensivo de luxo. É nele que muitas das vezes se iniciam os ataque brutenses, já que continua a apresentar uma maravilhosa visão de jogo, e uma extraordinária rapidez na reposição do esférico. Quanto a Geroge, a única coisa que se pode dizer é que é o melhor jogador deste início de época. É o melhor defesa do campeonato, duro, técnica e tacticamente impressionante, com um sentido de posicionamente uma rapidez de antecipação absolutamente brilhantes. É ele o motor do FB, e o jogador que mais contribuiu para as três vitórias consecutivas do seu clube.
Aguarda-se desde já, e pelas razões aqui tornadas evidentes, a próxima jornada deste campeonato. A curiosidade relativamente ao real momento de forma da equipa do MFC cresce a cada desaire, e começa a desenvolver-se a teoria de que este belo conjunto de jovens atletas está ainda longe da maturidade necessária para se ser campeão. Se assim for, esta temporada pode, mais uma vez, ficar decididamente desequilibrada ainda antes do fim da primeira volta. A época passada começou da mesma forma, e a verdade é que a dada altura os manfiosos foram capazes de dar a volta aos acontecimentos. Será que estamos a assistir ao mesmo filme. Será que vai acabar esta onda de ausências forçadas que tanto tem prejudicado o MFC? Perguntas que poderão (ou não) ter resposta já no próximo jogo.
O MFC é claramente uma formação de ataque, possante, atlética, de jogadores rápidos e que não têm dificuldades em marcar golos. No entanto, a equipa apresenta sérias dificuldades de concentração, que acabam invariavelmente por interferir na organização de jogo, e que impedem os jogadores manfiosos de se exibirem de uma forma equilibrada e constante.
O FB apresenta uma experiência e maturidade que fazem toda a diferença, e que se manifestam principalmente na forma calma e segura como abordam cada jogo e numa defesa temível e à prova de bala. O seu futebol é bem desenhado, e evolui no relvado com aparente facilidade e organização. Contudo, é precisamente pela defesa que as coisas mais se têm complicado. A equipa é capaz de ganhar um jogo graças ao trabalho irrepreensível de Paulo, George e Aranhiço, e nesse mesmo jogo sofrer inúmeros golos em consequência de erros defensivos infantis.
Estas características têm sido uma constante neste início de temporada, e o último jogo foi precisamente um óptimo exemplo disso mesmo.
Começou rápido, o embate entre os dois colossos do campeonato, com golos sucessivos e alternância constante no marcador. Adiantou-se a equipa do MFC que, alinhando com Huga, Chica, Filipe, Barandas e Rodrigues, rapidamente conseguiram o primeiro tento. A resposta brutense, que começou o jogo com Bruno, Carlos, Sotor, Paulo, George e Aranhiço, foi imediata, e o andamento do marcador foi equilibrado até ao empate a três golos. Nessa altura, e precisamente por causa da tal desorganização manfiosa, os brutenses conseguiram uma confortável vantagem de dois golos. Vantagem essa que não resistiria muito tempo, já que o MFC, liderado por um Huga menos inspirado que em outras ocasiões, mas sempre intenso, conseguiu empatar novamente e relançar alguma emoção num jogo que ameaçava ter um fim rápido e demasiado fácil. Convém nesta altura fazer um ponto de ordem, e explicar que ambas as equipas jogavam de forma completamente diferente. O FB chegava com relativa facilidade à baliza de Rodrigues, mas as ocasiões de golo eram sucessivamente desperdiçadas pelos seus atacantes - Bruno esteve, neste ponto, particularmente infeliz, o que é de certa forma consentâneo com um péssimo início de época -, e a defesa jogava de forma harmoniosa e esforçada, não dando espaço aos avanços manfiosos, e bloqueando muitas das tentativas de remate. Enquanto isso, o MFC precipitava-se em más decisões e aparentava um certo descontrolo emocional; os jogadores não se entendiam, não conseguiam assumir uma posição no rectângulo de jogo e começavam a denotar algum cansaço físico. Porém, a potência manfiosa é realmente algo de impressionante, e com o resultado empatado a cinco tentos, os manfiosos conseguiram aproveitar os tais erros defensivos do FB – e algum nervosismo despropositado – para conseguirem dois golos sucessivos e aproximarem-se daquilo que seria uma vitória importante. Mas as coisas nem sempre são assim tão fáceis, especialmente quando estamos a falar de duas equipas com tanta qualidade e que apresentam inúmeras soluções. O FB voltou a empatar a contenda, graças ao magnífico jogo de Paulo e Carlos, e a emoção e incerteza no resultado mantiveram-se, para gáudio dos adeptos de ambos os emblemas. O oitavo golo do MFC foi também o seu canto do cisne. A partir daí o jogo foi dos brutenses, que dispuseram de inúmeras oportunidades de golo, e que assumiram de uma vez por todas, e sem dar margem a dúvidas, que aquele jogo seria deles e não do seu adversário. Carregaram sobre a defesa manfiosa, pressionando de forma sufocante o seu gaurdião, e isto sem nunca perderem a cabeça; sem uma grama de precipitação ou de desorganização. Esta é a verdadeira arma brutense, a frieza que, em situações difíceis, lhes permite manter o seu futebol apoiado e bem alicerçado.
Foi com naturalidade que conseguiram três golos sem resposta, vencendo mais uma partida e enviando uma forte e ameaçadora mensagem aos seus rivais: este campeonato pode ficar decidido no fim da primeira volta.
Há, contudo, alguns pormenores que merecem ser destacados, e que servem para explicar mais um desaire manfioso. Nomeadamente a falta de tantos jogadores importantes na equipa, e que costumam ser predominantes para a manutenção de um estilo de jogo forte e opressor. Qualquer equipa do mundo que alinhe sem Golias, Murta e João, é à partida uma equipa fragilizada. Exemplo dessa fragilidade é a forma como o jogo de Chica, por exemplo, sofre tanto com a falta dos colegas. Impossibilitado de atacar como sabe e bem, o jovem médio remete-se à defesa, e não colabora, como dele era esperado, no ataque à baliza contrária. Chica marcou aquele que é o seu primeiro golo neste campeonato, o que é manifestamente pouco para um atleta da sua qualidade. Visivelmente cansado, Chica não consegue acompanhar os seus colegas nos ataques planeados e muito menos nos contra-ataques; remata pouco ou quase nada, e exagera nos passes à entrada da área, zona do campo onde é um dos mais perigosos jogadores do campeonato. Huga, que começou a temporada de forma impressionante, começa lentamente a cair nos mesmos erros da época passada. Mantém o seu estilo de jogo tão característico, sempre de cabeça levantada, sempre atento e observador, mas perdeu já algum esclarecimento no momento de rematar à baliza, e entra em picardias desnecessárias com os adversários e inclusive com os colegas de equipa. Começou bem este encontro e marcou aquele que é, até ver, o mais belo golo deste campeonato. Bruno está a fazer um início de temporada literalmente para esquecer. Remata mal, esquece-se de que existem mais jogadores em campo, e apresenta uma forma física que não é condizente com a sua juventude. Barandas, por sua vez, tem uma inegável vontade de vencer, não sabe é o que fazer com ela. Joga em todo o lado, remata de todo o lado, esquece-se de defender, e ainda não está em forma para um campeonato tão exigente. Ninguém desconfia das suas verdadeiras capacidades, mas a verdade é que ainda faltam alguns quilómetros para que Barandas possa estar ao nível dos seus colegas. Em boa forma estão Rodrigues e Filipe. O veterano guardião parece ter regressado à sua melhor forma, e tem feito exibições de encher o olho. Foi, durante largos minutos, o salva-vidas do MFC, impedindo um sem número de golos fáceis. A Filipe fizeram-lhe bem as férias. Mais maduro, o avançado tem conseguido evitar aqueles erros do passado e está visivelmente mais ponderado e mais adulto. Marca bons golos, e apresenta um invulgar sentido posicional.
Quanto ao FB, é evidente o seu actual estado de graça. Os jogadores estão entrosados, relaxados, e denotam uma forte ligação táctica. Pese embora alguns erros defensivos – que surgem principalmente de um incerto posicionamento no centro do campo -, a verdade é que parecem, para já, imbatíveis. Paulo está a fazer a melhor época da sua carreira. Sem nunca se esquecer da sua verdadeira função de central, o poderoso jogador descobriu uma veia goleadora indesmentível, e lidera destacado a tabela dos melhores marcadores com uns impressionantes dez golos em quatro jogos – só neste jogo apontou quatro golos. Para além disso, Paulo demonstra uma magnífica disciplina táctica, uma forma física invejável, marca golos dignos do melhor dos avançados, e ainda consegue defender como sempre o fez e sem recorrer à falta, característica que durante anos o definiu de forma inegável. Sotor, esse, tem vindo a decair, e já há dois jogos que não consegue atingir o nível dos dois primeiros embates. Perdido no rectângulo de jogo, o veterano capitão não só não consegue chegar a todas as bolas nem combater todos os seus adversários, como ainda se esgota fisicamente. Ou seja, não ajuda a sua equipa e cria espaços demasiado perigosos no seu meio campo. São esses espaços que muitas vezes dão a oportunidade aos atacantes manfiosos de conseguirem golos fáceis. Carlos começa aos poucos a ser o terrível avançado que se conhece. Já recuperou alguma da sua velocidade e potência, pelo que os próximos embates serão determinantes para se saber com certeza se vamos ou não ter o Carlos de sempre neste campeonato. Para já partilha o segundo lugar da lista de marcadores com Huga; será que tem capacidade de lutar pelo primeiro? De Aranhiço pouco há a dizer. Tem feito uma época practicamente irrepreensível, quase isenta de erros, e continua a ser o primeiro vértice de um triângulo defensivo de luxo. É nele que muitas das vezes se iniciam os ataque brutenses, já que continua a apresentar uma maravilhosa visão de jogo, e uma extraordinária rapidez na reposição do esférico. Quanto a Geroge, a única coisa que se pode dizer é que é o melhor jogador deste início de época. É o melhor defesa do campeonato, duro, técnica e tacticamente impressionante, com um sentido de posicionamente uma rapidez de antecipação absolutamente brilhantes. É ele o motor do FB, e o jogador que mais contribuiu para as três vitórias consecutivas do seu clube.
Aguarda-se desde já, e pelas razões aqui tornadas evidentes, a próxima jornada deste campeonato. A curiosidade relativamente ao real momento de forma da equipa do MFC cresce a cada desaire, e começa a desenvolver-se a teoria de que este belo conjunto de jovens atletas está ainda longe da maturidade necessária para se ser campeão. Se assim for, esta temporada pode, mais uma vez, ficar decididamente desequilibrada ainda antes do fim da primeira volta. A época passada começou da mesma forma, e a verdade é que a dada altura os manfiosos foram capazes de dar a volta aos acontecimentos. Será que estamos a assistir ao mesmo filme. Será que vai acabar esta onda de ausências forçadas que tanto tem prejudicado o MFC? Perguntas que poderão (ou não) ter resposta já no próximo jogo.
Tuesday, October 07, 2008
INEGÁVEL CONFIRMAÇÃO
O resultado do jogo do passado Sábado, quase escandaloso, reflecte algo de que já havíamos falado nestas crónicas semanais, e que começa a assumir decisivos contornos de importância: a experiência do FBFC.
A vitória por uns claríssimos 10-4 pode ser exagerada, mas é inequívoca da capacidade de saber dar a volta aos acontecimentos, e da maturidade demonstradas pela formação brutense. A perder por três golos sem resposta aos dez minutos de jogo, os brutenses souberam acalmar a ansiedade, reagrupar os seus jogadores, redesenhar a táctica, que obviamente não estava a resultar, e partir para uma pressão sufocante sobre os seus adversários, alterando o andamento do marcador de forma autoritária.
Por seu lado, a equipa manfiosa não merecia tão pesado resultado pelo simples facto de que não jogou mal. Pelo contrário, começou a partida de forma decidida, jogando um futebol acelerado, assente em rápidas trocas de bola e com uma forte predominância na lateral esquerda, em virtude do regresso de Barandas à equipa principal. Infelizmente, os jogadores manfiosos não foram capazes de manter esse nível até ao final da contenda. Não só pela impressionante mudança de atitude dos brutenses, como também porque se entusiasmaram com as aparentes facilidades concedidas pelos mesmos jogadores nos primeiros vinte minutos de jogo. Iludidos com a rapidez com que haviam marcado três golos, os jovens atletas do MFC incorreram em erros infantis, esquecendo-se do magnífico trabalho colectivo que vinham fazendo, e optando por jogadas individuais e pela procura insana de mais um golo. Erros destes pagam-se caro, especialmente quando perante uma equipa que já provou ser coesa e que já demonstrou vezes sem conta ser aguerrida e combativa o suficiente.
O MFC alinhou com João, Chica, Bruno, Huga, Barandas, Filipe e Murta, enquanto que o FB começou o jogo com Sotor, Carlos, Simão, Aranhiço, Paulo, George e a novidade, Leandro.
Como já aqui foi referido, os primeiros minutos de jogo mostraram duas equipas completamente distintas. Um MFC forte, esclarecido e consciente daquilo que estava a fazer, e um FB perdido no campo, perdido numa táctica incapaz, atabalhoado e que encaixava golos de forma consecutiva sem saber muito bem o que o tinha atropelado. Uma das principais razões para este desnorteio nasceu directamente da incapacidade de Sotor se fixar no meio campo. É um erro clássico do veterano capitão; inflamado pela vontade de literalmente ir a todas, Sotor corre o rectângulo quase todo, dando caça aos seus adversários, não percebendo, contudo, que isso lhe retira energia, e que essa táctica apenas permite a criação de imensos espaços vazios na sua defesa. Foi precisamente por esses espaços vazios que os primeiros golos manfiosos surgiram. O centro da defesa completamente desocupado, três remates cara a cara com Aranhiço, e o resultado facilmente a disparar para números que começavam a cheirar a polémica.
Ao reposicionamento de Sotor na posição em que mais rende, coadjuvado por um Leandro irrequieto e que soube na perfeição desempenhar o papel que normalmente cabe a Miguel – subindo sempre que necessário, e defendendo sempre que assim lhe era exigido -, somou-se outro pormenor que fez toda a diferença, e que baralhou por inteiro a defesa manfiosa: a subida total de Paulo, que deixou o sector mais recuado do campo, para ocupar toda a frente do ataque brutense. Paulo foi indiscutivelmente o melhor em campo; correu uma maratona, fez passes em profundidade, rematou à baliza, interrompeu jogadas perigosas de contra-ataque e assinou a sua melhor exibição de sempre com três golos verdadeiramente à ponta de lança. O excelente arranque de época do central goleador, está inegavelmente reflectido no facto (estranho) de ser o actual líder dos marcadores. Carlos e Simão limitaram-se a fazer o que habitualmente lhe é pedido, colocando constantemente os defesas adversários em sentido, marcando golos, rematando sempre que possível e sendo uma presença sempre perigosa na área contrária. Para além disso, souberam aliar-se ao esforço dos seus colegas e defenderam o meio campo e a entrada da sua área sempre com o melhor dos resultados. A Simão apenas se pode apontar um excessivo individualismo, já que voltou a exagerar nas fintas e a esquecer-se muitas vezes de fazer o último e decisivo passe. Ainda assim, os avançados brutenses fizeram um jogo completo, abnegado e generoso, e o seu esforço merece o justo destaque. George e Aranhiço foram o princípio da reviravolta no marcador. O guardião, porque defendeu tudo o que havia para defender – podia também ter sido considerado o melhor em campo – e o central romeno porque voltou a dar uma lição de bem defender, correndo até ao limite das suas forças, cortando passes e remates, e entregando-se practicamente sozinho à impermeabilidade da sua área.
Pelo lado manfioso, não há como não destacar a prestação perfeita de Murta. Perfeita! O jovem defesa, jogou bem em quase todas as posições, sendo que foi na baliza da sua equipa, que Murta mais brilhou. Durante cerca de vinte minutos, período em que o FB renasceu para o jogo, e empurrou contra as cordas a formação manfiosa, Murta foi o único a conseguir impedir que uma chuva de remates morresse nas suas redes. Defendeu como e enquanto pôde o resultado vantajoso de 3-0, e foi muitas das vezes o único obstáculo à frente dos atacantes brutenses. De resto, todos os jogadores do MFC têm a sua exibição condicionada por esses vinte minutos da mais profunda inércia e inaptidão. Arrogantes, convencidos da sua supremacia, não quiseram ouvir os avisos de João, e deram o encontro por vencido. Com o esférico repousado na marca do meio campo logo após a marcação do terceiro golo manfioso, João fez questão de avisar os seus colegas da necessidade de recuar no terreno e de defender o resultado com outra atitude e cautela. Ninguém lhe deu ouvidos. De todos, apenas Chica, Murta e o próprio João, souberam jogar com cabeça, não correndo desenfreadamente para o ataque e nem procurando a vitória rápida e aparentemente fácil. Sacrificaram-se perante a desorganização táctica de Huga, Bruno, Barandas e Filipe, e remeteram-se quase totalmente à defesa, aguentando conforme podiam a avalanche ofensiva do FB.
Chica continua a desapontar. Não remata, raramente ultrapassa a linha do meio campo, e pouco ou nada tem feito como trinco. Parece denunciar a falta de Golias, com quem habitualmente compõe uma das duplas mais temíveis do campeonato. João também não começou a época da melhor forma. Visivelmente mais lento do que na época passada, o poderoso jogador tem optado pelo sector mais recuado do campo, rematando muito menos do que seria esperado, e não contribuindo da mesma forma para a reconhecida armada do MFC. Barandas retomou o campeonato da pior forma possível. Apesar do golo obtido, o regressado lateral embrulhou-se demasiadas vezes com a bola, atrasou jogadas de ataque, precipitou-se nas decisões e acabou por ser um dos mais trapalhões da sua equipa. Huga quase não se viu em campo. Cansado, atabalhoado, conflituoso, baixou drasticamente o nível que vinha demonstrando, e foi um dos principais responsáveis pelo desaire da formação visitante. O que Bruno fez não merece sequer espaço de crónica, e Filipe, embora tenha demonstrado uma enorme força de vontade, pouco ou nada trouxe de efectivo às manobras ofensivas ou defensivas da sua formação.
Em suma, a mudança observada em ambas as equipas em determinada altura do jogo foi, não só anormal, como determinante para o desenrolar da partida e para o desiquilibrado resultado final. Depois de um auspicioso início, o MFC deixou o FB assumir as despesas do jogo, e ficou a impressão de que o resultado poderia ter sido ainda mais descabido, não fosse algum desacerto dos atacantes brutenses assim como o esforço sobre humano de Murta. Aranhiço foi um mero espectador durante demasiados minutos, devido à incapacidade desconcertante dos jogadores manfiosos em criarem jogadas de perigo ou de sequer rematarem à baliza. Este desequilíbrio catribui justiça à vitória brutense, embora não confira verdade à escandalosa goleada. Apesar de não o fazer da melhor maneira, o MFC tentou sempre combater o rumo dos acontecimentos. No entanto, desespero e precipitação nunca são as melhores armas, muito menos se tivermos em conta de que o inimigo pode ser bem mais experiente e maduro. Foi esse o caso.
O resultado do jogo do passado Sábado, quase escandaloso, reflecte algo de que já havíamos falado nestas crónicas semanais, e que começa a assumir decisivos contornos de importância: a experiência do FBFC.
A vitória por uns claríssimos 10-4 pode ser exagerada, mas é inequívoca da capacidade de saber dar a volta aos acontecimentos, e da maturidade demonstradas pela formação brutense. A perder por três golos sem resposta aos dez minutos de jogo, os brutenses souberam acalmar a ansiedade, reagrupar os seus jogadores, redesenhar a táctica, que obviamente não estava a resultar, e partir para uma pressão sufocante sobre os seus adversários, alterando o andamento do marcador de forma autoritária.
Por seu lado, a equipa manfiosa não merecia tão pesado resultado pelo simples facto de que não jogou mal. Pelo contrário, começou a partida de forma decidida, jogando um futebol acelerado, assente em rápidas trocas de bola e com uma forte predominância na lateral esquerda, em virtude do regresso de Barandas à equipa principal. Infelizmente, os jogadores manfiosos não foram capazes de manter esse nível até ao final da contenda. Não só pela impressionante mudança de atitude dos brutenses, como também porque se entusiasmaram com as aparentes facilidades concedidas pelos mesmos jogadores nos primeiros vinte minutos de jogo. Iludidos com a rapidez com que haviam marcado três golos, os jovens atletas do MFC incorreram em erros infantis, esquecendo-se do magnífico trabalho colectivo que vinham fazendo, e optando por jogadas individuais e pela procura insana de mais um golo. Erros destes pagam-se caro, especialmente quando perante uma equipa que já provou ser coesa e que já demonstrou vezes sem conta ser aguerrida e combativa o suficiente.
O MFC alinhou com João, Chica, Bruno, Huga, Barandas, Filipe e Murta, enquanto que o FB começou o jogo com Sotor, Carlos, Simão, Aranhiço, Paulo, George e a novidade, Leandro.
Como já aqui foi referido, os primeiros minutos de jogo mostraram duas equipas completamente distintas. Um MFC forte, esclarecido e consciente daquilo que estava a fazer, e um FB perdido no campo, perdido numa táctica incapaz, atabalhoado e que encaixava golos de forma consecutiva sem saber muito bem o que o tinha atropelado. Uma das principais razões para este desnorteio nasceu directamente da incapacidade de Sotor se fixar no meio campo. É um erro clássico do veterano capitão; inflamado pela vontade de literalmente ir a todas, Sotor corre o rectângulo quase todo, dando caça aos seus adversários, não percebendo, contudo, que isso lhe retira energia, e que essa táctica apenas permite a criação de imensos espaços vazios na sua defesa. Foi precisamente por esses espaços vazios que os primeiros golos manfiosos surgiram. O centro da defesa completamente desocupado, três remates cara a cara com Aranhiço, e o resultado facilmente a disparar para números que começavam a cheirar a polémica.
Ao reposicionamento de Sotor na posição em que mais rende, coadjuvado por um Leandro irrequieto e que soube na perfeição desempenhar o papel que normalmente cabe a Miguel – subindo sempre que necessário, e defendendo sempre que assim lhe era exigido -, somou-se outro pormenor que fez toda a diferença, e que baralhou por inteiro a defesa manfiosa: a subida total de Paulo, que deixou o sector mais recuado do campo, para ocupar toda a frente do ataque brutense. Paulo foi indiscutivelmente o melhor em campo; correu uma maratona, fez passes em profundidade, rematou à baliza, interrompeu jogadas perigosas de contra-ataque e assinou a sua melhor exibição de sempre com três golos verdadeiramente à ponta de lança. O excelente arranque de época do central goleador, está inegavelmente reflectido no facto (estranho) de ser o actual líder dos marcadores. Carlos e Simão limitaram-se a fazer o que habitualmente lhe é pedido, colocando constantemente os defesas adversários em sentido, marcando golos, rematando sempre que possível e sendo uma presença sempre perigosa na área contrária. Para além disso, souberam aliar-se ao esforço dos seus colegas e defenderam o meio campo e a entrada da sua área sempre com o melhor dos resultados. A Simão apenas se pode apontar um excessivo individualismo, já que voltou a exagerar nas fintas e a esquecer-se muitas vezes de fazer o último e decisivo passe. Ainda assim, os avançados brutenses fizeram um jogo completo, abnegado e generoso, e o seu esforço merece o justo destaque. George e Aranhiço foram o princípio da reviravolta no marcador. O guardião, porque defendeu tudo o que havia para defender – podia também ter sido considerado o melhor em campo – e o central romeno porque voltou a dar uma lição de bem defender, correndo até ao limite das suas forças, cortando passes e remates, e entregando-se practicamente sozinho à impermeabilidade da sua área.
Pelo lado manfioso, não há como não destacar a prestação perfeita de Murta. Perfeita! O jovem defesa, jogou bem em quase todas as posições, sendo que foi na baliza da sua equipa, que Murta mais brilhou. Durante cerca de vinte minutos, período em que o FB renasceu para o jogo, e empurrou contra as cordas a formação manfiosa, Murta foi o único a conseguir impedir que uma chuva de remates morresse nas suas redes. Defendeu como e enquanto pôde o resultado vantajoso de 3-0, e foi muitas das vezes o único obstáculo à frente dos atacantes brutenses. De resto, todos os jogadores do MFC têm a sua exibição condicionada por esses vinte minutos da mais profunda inércia e inaptidão. Arrogantes, convencidos da sua supremacia, não quiseram ouvir os avisos de João, e deram o encontro por vencido. Com o esférico repousado na marca do meio campo logo após a marcação do terceiro golo manfioso, João fez questão de avisar os seus colegas da necessidade de recuar no terreno e de defender o resultado com outra atitude e cautela. Ninguém lhe deu ouvidos. De todos, apenas Chica, Murta e o próprio João, souberam jogar com cabeça, não correndo desenfreadamente para o ataque e nem procurando a vitória rápida e aparentemente fácil. Sacrificaram-se perante a desorganização táctica de Huga, Bruno, Barandas e Filipe, e remeteram-se quase totalmente à defesa, aguentando conforme podiam a avalanche ofensiva do FB.
Chica continua a desapontar. Não remata, raramente ultrapassa a linha do meio campo, e pouco ou nada tem feito como trinco. Parece denunciar a falta de Golias, com quem habitualmente compõe uma das duplas mais temíveis do campeonato. João também não começou a época da melhor forma. Visivelmente mais lento do que na época passada, o poderoso jogador tem optado pelo sector mais recuado do campo, rematando muito menos do que seria esperado, e não contribuindo da mesma forma para a reconhecida armada do MFC. Barandas retomou o campeonato da pior forma possível. Apesar do golo obtido, o regressado lateral embrulhou-se demasiadas vezes com a bola, atrasou jogadas de ataque, precipitou-se nas decisões e acabou por ser um dos mais trapalhões da sua equipa. Huga quase não se viu em campo. Cansado, atabalhoado, conflituoso, baixou drasticamente o nível que vinha demonstrando, e foi um dos principais responsáveis pelo desaire da formação visitante. O que Bruno fez não merece sequer espaço de crónica, e Filipe, embora tenha demonstrado uma enorme força de vontade, pouco ou nada trouxe de efectivo às manobras ofensivas ou defensivas da sua formação.
Em suma, a mudança observada em ambas as equipas em determinada altura do jogo foi, não só anormal, como determinante para o desenrolar da partida e para o desiquilibrado resultado final. Depois de um auspicioso início, o MFC deixou o FB assumir as despesas do jogo, e ficou a impressão de que o resultado poderia ter sido ainda mais descabido, não fosse algum desacerto dos atacantes brutenses assim como o esforço sobre humano de Murta. Aranhiço foi um mero espectador durante demasiados minutos, devido à incapacidade desconcertante dos jogadores manfiosos em criarem jogadas de perigo ou de sequer rematarem à baliza. Este desequilíbrio catribui justiça à vitória brutense, embora não confira verdade à escandalosa goleada. Apesar de não o fazer da melhor maneira, o MFC tentou sempre combater o rumo dos acontecimentos. No entanto, desespero e precipitação nunca são as melhores armas, muito menos se tivermos em conta de que o inimigo pode ser bem mais experiente e maduro. Foi esse o caso.
Friday, October 03, 2008
A RESPOSTA
Era precisamente disto que se estava à espera: uma resposta forte e determinada da equipa brutense ao jogo da semana passada. Em jeito de afirmação, a formação liderada mais uma vez por Sotor, fez um jogo quase irrepreensível e em que foi notoriamente superior ao seu adversário. Venceu o jogo por uns claros 9-5, e deixou bem clara a intenção, desde já, de voltar a conquistar o título.
A equipa do FB alinhou com Aranhiço, Paulo, George, Miguel, regressado de um longo período de ausência, Sotor, Carlos e Simão, enquanto que o MFC iniciou a partida com Filipe, Manel, o estreante Nelson, Huga, João, Bruno e Rodrigues.
Começou lenta, a partida, com pouquíssimos remates ás balizas, e nenhum momento claro de golo durante largos minutos. Quebrou a monotonia a equipa manfiosa, marcando o primeiro golo quando o relógio marcava aproximadamente 15 minutos. A resposta do FB foi lenta, e só ao fim de outros 5 minutos, e novo período de inaptidão atacante, é que alcançou o golo do empate. Um novo golo do MFC, seguido rapidamente da devida resposta brutense, marcou o início de uma fase do jogo mais rápida, bem disputada e emocionante. Impulsionado por um Simão verdadeiramente endiabrado e completamente diferente do primeiro jogo do ano, o conjunto brutense partiu para cima dos seus rivais de forma brutal e avassaladora. O único elemento dissonante por esta altura era Carlos, trapalhão e perdulário, falhando golos inacreditáveis e tomando decisões que, embora altruístas e generosas, não eram de todo as melhores para as aspirações da sua equipa. Ainda assim, Simão, Carlos, Miguel e Paulo, levaram por diversas vezes perigo à baliza de Rodrigues. No entanto, quem tornou esta acção demolidora foi Sotor. O veterano jogador voltou a fazer um jogo brilhante e muito próximo da perfeição. Fechou todos os caminhos aos atacantes contrários, batalhou pela reconquista da bola e em inúmeras situações foi o seu próprio corpo a interromper a trajectória dos remates manfiosos. Numa palavra só, esmagador. Aranhiço esteve bem melhor que no jogo de estreia. Trouxe a segurança do costume à baliza do FB, e deu mais um contributo precioso para a vitória da sua equipa. E nem foi preciso esforçar-se, já que à sua frente esteve aquele que foi indiscutivelmente o melhor jogador do encontro, George. O defesa foi inultrapassável, e vários foram os lances de golo que tiveram origem nos seus seguros pés. O romeno foi incansável, e às vezes, parecia conseguir estar em várias posições ao mesmo tempo. Impressionante.
Do lado manfioso as coisas de facto acabaram por não correr da melhor forma. Até não começou mal o jogo para os jovens jogadores do MFC, mas a verdade é que se perderam numa táctica mais confusa do que é costume, e foram alvos fáceis para os experientes brutenses. Huga esteve uns quantos furos do seu melhor, João desisitu practicamente de atacar, remetendo-se, sem grandes índices de sucesso, à defesa da sua grande área, Manel e Nelson, foram quase espectadores desinteressados, pese embora o golo apontado por cada um deles, Bruno lutou conforme pode, mas afundou-se na apertada malha defensiva brutense, Filipe foi uma sombra de si próprio, e Rodrigues foi indiscutivelmente o melhor da sua equipa. A única altura em que, depois do FB estar já a controlar os acontecimentos, em que a equipa manfiosa conseguiu ressurgir no jogo, aconteceu quando Sotor sentiu necessidade de refrear o seu esforço e fazer uma competente gestão física. Nessa altura, e como já tinha acontecido no jogo inaugural deste campeonato, Huga voltou a controlar os comandos da equipa, conseguiu desenhar alguns bons lances de ataque, e os golos voltaram a aparecer. Foi sol de pouca dura, no entanto, já que Sotor, apercebendo-se da fragilidade brutense no centro do rectângulo, voltou a carregar no acelerador e a pressionar pesadamente os atacantes adversários. Aí o resultado disparou, e os golos da vitória surgiram com demasiada naturalidade e anormal facilidade.
A vitória é, portanto, o resultado natural de uma superioridade inegável por parte dos brutenses. Bem organizados, consistentes e bastante motivados, foram todos superiores e melhores em todos os aspectos do jogo, assinando uma daquelas prestações que sem dúvida alguma fica desde já para a história deste campeonato. Dir-se-ia que foi esta uma vitória de raiva.
Era precisamente disto que se estava à espera: uma resposta forte e determinada da equipa brutense ao jogo da semana passada. Em jeito de afirmação, a formação liderada mais uma vez por Sotor, fez um jogo quase irrepreensível e em que foi notoriamente superior ao seu adversário. Venceu o jogo por uns claros 9-5, e deixou bem clara a intenção, desde já, de voltar a conquistar o título.
A equipa do FB alinhou com Aranhiço, Paulo, George, Miguel, regressado de um longo período de ausência, Sotor, Carlos e Simão, enquanto que o MFC iniciou a partida com Filipe, Manel, o estreante Nelson, Huga, João, Bruno e Rodrigues.
Começou lenta, a partida, com pouquíssimos remates ás balizas, e nenhum momento claro de golo durante largos minutos. Quebrou a monotonia a equipa manfiosa, marcando o primeiro golo quando o relógio marcava aproximadamente 15 minutos. A resposta do FB foi lenta, e só ao fim de outros 5 minutos, e novo período de inaptidão atacante, é que alcançou o golo do empate. Um novo golo do MFC, seguido rapidamente da devida resposta brutense, marcou o início de uma fase do jogo mais rápida, bem disputada e emocionante. Impulsionado por um Simão verdadeiramente endiabrado e completamente diferente do primeiro jogo do ano, o conjunto brutense partiu para cima dos seus rivais de forma brutal e avassaladora. O único elemento dissonante por esta altura era Carlos, trapalhão e perdulário, falhando golos inacreditáveis e tomando decisões que, embora altruístas e generosas, não eram de todo as melhores para as aspirações da sua equipa. Ainda assim, Simão, Carlos, Miguel e Paulo, levaram por diversas vezes perigo à baliza de Rodrigues. No entanto, quem tornou esta acção demolidora foi Sotor. O veterano jogador voltou a fazer um jogo brilhante e muito próximo da perfeição. Fechou todos os caminhos aos atacantes contrários, batalhou pela reconquista da bola e em inúmeras situações foi o seu próprio corpo a interromper a trajectória dos remates manfiosos. Numa palavra só, esmagador. Aranhiço esteve bem melhor que no jogo de estreia. Trouxe a segurança do costume à baliza do FB, e deu mais um contributo precioso para a vitória da sua equipa. E nem foi preciso esforçar-se, já que à sua frente esteve aquele que foi indiscutivelmente o melhor jogador do encontro, George. O defesa foi inultrapassável, e vários foram os lances de golo que tiveram origem nos seus seguros pés. O romeno foi incansável, e às vezes, parecia conseguir estar em várias posições ao mesmo tempo. Impressionante.
Do lado manfioso as coisas de facto acabaram por não correr da melhor forma. Até não começou mal o jogo para os jovens jogadores do MFC, mas a verdade é que se perderam numa táctica mais confusa do que é costume, e foram alvos fáceis para os experientes brutenses. Huga esteve uns quantos furos do seu melhor, João desisitu practicamente de atacar, remetendo-se, sem grandes índices de sucesso, à defesa da sua grande área, Manel e Nelson, foram quase espectadores desinteressados, pese embora o golo apontado por cada um deles, Bruno lutou conforme pode, mas afundou-se na apertada malha defensiva brutense, Filipe foi uma sombra de si próprio, e Rodrigues foi indiscutivelmente o melhor da sua equipa. A única altura em que, depois do FB estar já a controlar os acontecimentos, em que a equipa manfiosa conseguiu ressurgir no jogo, aconteceu quando Sotor sentiu necessidade de refrear o seu esforço e fazer uma competente gestão física. Nessa altura, e como já tinha acontecido no jogo inaugural deste campeonato, Huga voltou a controlar os comandos da equipa, conseguiu desenhar alguns bons lances de ataque, e os golos voltaram a aparecer. Foi sol de pouca dura, no entanto, já que Sotor, apercebendo-se da fragilidade brutense no centro do rectângulo, voltou a carregar no acelerador e a pressionar pesadamente os atacantes adversários. Aí o resultado disparou, e os golos da vitória surgiram com demasiada naturalidade e anormal facilidade.
A vitória é, portanto, o resultado natural de uma superioridade inegável por parte dos brutenses. Bem organizados, consistentes e bastante motivados, foram todos superiores e melhores em todos os aspectos do jogo, assinando uma daquelas prestações que sem dúvida alguma fica desde já para a história deste campeonato. Dir-se-ia que foi esta uma vitória de raiva.
nuno to me
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O jogo de Sábado passado foi tipicamente atípico, e esta não é meramente a utilização desavergonhada de um jogo de palavras feliz; o primeiro jogo de um campeonato de futebol é sempre atípico, tendo em conta o que as duas equipas em questão são capazes de fazer. Tal facto apresenta-se como sendo típico disso mesmo: o jogo inaugural de mais um campeonato.
O embate serviu precisamente para comprovar e desmentir duas das previsões lançadas por este escriba na última crónica. Por um lado, a equipa do MFC demonstrou realmente que era capaz de começar a época na mesma boa forma com que terminou a anterior. Por outro lado, Sotor desmentiu todos os relatórios do departamento médico brutense, e foi um dos melhores elementos da sua equipa.
Posto isto, convém começar por dizer que o problema das ausências de alguns jogadores importantes mantém-se para já como uma infeliz certeza. Carlos, Miguel e César, pelo FB, e Golias, Filipe e Chossas, pelos do MFC, não foram sequer convocados, e tal contribuiu também para que o jogo não tivesse a qualidade de tantos outros embates – mesmo sendo, mais uma vez, o jogo de arranque.
As equipas não estiveram tão concentradas nem tão criativas como o habitual, e nem sempre o futebol visto no campo foi dos mais bonitos. Dessa forma, o FB perdeu-se em jogadas demasiado individualistas, comprometendo uma mão cheia de boas oportunidades de golo, enquanto que o MFC, em virtude de uma melhor preparação física, soube tirar partido da juventude dos seus jogadores, e do bom entrosamento de que gozam, para contrariar um certo desnorte táctico.
Jogaram pelo FB Tiago, Aranhiço, Paulo, Ukraniano, Sotor e Simão, e pelo MFC Chica, Huga, Bruno, Rodrigues, João e Murta. Tiago regressou para dar consistência ao futebol ofensivo brutense, pleno de bons passes, boa visão de jogo e oportunismo, e recheado de magia objectiva. O jovem jogador demonstrou, contudo, não estar ainda na sua melhor forma física, e cedo começou a denotar algum cansaço. Ainda assim, foi um dos melhores em campo, apontou dois bons golos, e foi sempre o jogador mais perigoso e esclarecido. Começou a partida com demasiada ânsia de regressar e correu o campo todo, ajudando ainda a sua equipa no sector mais recuado. Quando começou a acusar o esforço, remeteu-se ao ataque, fixou uma posição perto da área adversária e continuou a produzir lances de bom futebol.
Aranhiço, por sua vez, não podia ter começado o campeonato de pior forma. O segundo golo do MFC é um frango como já há muito não se via, e só aconteceu porque o veterano guarda-redes assim o decidiu inventar. Um remate à toa de Murta, sem intenção sequer de se tornar golo, e as mãos de Aranhiço moles de mais para suster a bola que passou pelo meio das pernas direitinha ao fundo das redes. Aranhiço ainda tentou compensar o lance infeliz com três excelentes defesas, mas a imagem deixada já estava arruinada, e pese embora não tenha sido sua a responsabilidade do resultado final, a verdade é que o melhor guardião do campeonato também não demonstrou ainda estar na sua mais eficaz forma.
Simão foi uma dos principais responsáveis pela derrota da sua equipa. Sozinho, desperdiçou ou arruinou inúmeras jogadas de golo fácil, em virtude da incapacidade que demonstrou em jogar com os colegas de equipa. Faz sempre uma finta a mais, tenta sempre o remate, seja em que circunstância for, e deixa os restantes brutenses e respectiva massa associativa à beira de um ataque de nervos.
Paulo e Ukraniano também não começaram a luta por mais um título da melhor forma. Mais lentos do que é costume, os centrais do FB decidiram arriscar e subiram muito no terreno, tentando imiscuir-se nas manobras ofensivas da sua equipa. A falta de Carlos pode ter provocado esta decisão, mas os resultados foram absoluta e inequivocamente desastrosos. Dos sete golos apontados pelo MFC, só dois não nasceram de lances de contra ataque rápidos e certeiros. Os dois defesas não tinham velocidade para acompanhar os atacantes contrários, e várias foram as vezes em que Aranhiço se viu cara a cara com um ou dois adversários. Espera-se muito mais destes dois jogadores.
Sotor pura e simplesmente deslumbrou. Durante largos minutos foi mesmo o melhor brutense em campo, e precisamente – e também por isso mesmo – por se ter ocupado daquela função de que nem todos os jogadores gostam, e que só alguns conseguem desempenhar: o jogo duro. Sotor fez do meio campo a sua fortaleza e lutou por ela com unhas e dentes; fez faltas, puxou, agarrou, colou-se aos jogadores manfiosos e em suma não fez mais do que atrapalhar o seu jogo ofensivo. Durante esses largos minutos, a equipa do FB recuperou de um 2-1 que lhe era desfavorável e colocou-se em vantagem no marcador por 4-2. Infelizmente, Sotor também se ressentiu de algum cansaço, e durante outros tantos minutos andou um tanto ao quanto desaparecido do encontro. Foi precisamente nessa fase que o MFC, sentindo que tinha novamente espaço e paz para desenhar as suas jogadas, voltou à carga e se colocou novamente na posição de vencedor. Sotor foi enorme; marcou um golo e correu quilómetros, e atazanou verdadeiramente a paciência dos seus jovens oponentes.
Pelo lado manfioso, imperou o colectivo. A arma mais forte da equipa foi mesmo o entrosamento demonstrado, já que individualmente as coisas também não correram da melhor forma. João andou um tanto ao quanto afastado das grandes decisões da equipa. Foi de longe o mais rematador, mas apontou apenas um tento, pelo que o índice de pontaria de modo algum o favorece. Não defendeu tão bem quanto costuma fazer, e participou pouco na transição da defesa para o ataque, detalhe em que é habitualmente exímio. Chica denotou também alguma desconcentração, e embora tenha estado bem no sector mais recuado, não contribuiu da melhor maneira para os lances de ataque à baliza de Aranhiço, tendo estado manifestamente mal nos remates. Bruno esteve particularmente activo a meio campo, mas nem sempre soube fazer as melhores opções, desperdiçando algumas boas oportunidades de golo. A meio do jogo, apoquentado por uma lesão, retirou-se por alguns minutos, mas sem que isso prejudicasse os seus colegas, tendo regressado para os minutos finais do embate. Rodrigues voltou em aparente boa forma, fez um punhado de boas defesas e deu razão aos críticos, quando estes afirmam que a equipa sem ele fica notoriamente mais debilitada. Murta foi o trabalhador de serviço, correndo, saltando e defendendo com tudo quanto tinha. Foi o motor da equipa, motivando sempre os seus colegas e empurrando-os constantemente para a frente. Foi incontestavelmente o líder em campo. E depois Huga. O jogador, que tinha acabado a época anterior de forma algo apagada e até ausente, regressou a todo o gás e fez um jogo irrepreensível. Encheu o campo com a sua classe, fez jogadas de magia, distribuiu jogo, isolou colegas, deu golos a marcar e apontou ele próprio quatro dos sete tentos da equipa. Foi sem margem para dúvidas o melhor em campo, e o principal responsável pela primeira vitória manfiosa no campeonato.
Em suma, qualquer um dos conjuntos poderia ter saído do campo com a vitória nas mãos. Ambos jogaram para ganhar, embora nem sempre da melhor forma, e só pequenos detalhes fizeram, no final, a diferença real. Quando o marcador acusava 6-6, e faltavam poucos minutos para o término do encontro, foram os brutenses a pegar nos comandos e a dispor das melhores oportunidades de marcar o golo final. Num desses lances, Sotor falhou um golo incrível, a sua equipa não conseguiu reagir e recuperar, e não ofereceu qualquer resistência à rápida jogada de contra ataque manfiosa que, culminada por Huga, haveria de sentenciar a partida. Ironias inerentes ao próprio jogo e que fazem deste magnífico desporto um acontecimento muitas vezes impróprias para cardíacos.
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O jogo de Sábado passado foi tipicamente atípico, e esta não é meramente a utilização desavergonhada de um jogo de palavras feliz; o primeiro jogo de um campeonato de futebol é sempre atípico, tendo em conta o que as duas equipas em questão são capazes de fazer. Tal facto apresenta-se como sendo típico disso mesmo: o jogo inaugural de mais um campeonato.
O embate serviu precisamente para comprovar e desmentir duas das previsões lançadas por este escriba na última crónica. Por um lado, a equipa do MFC demonstrou realmente que era capaz de começar a época na mesma boa forma com que terminou a anterior. Por outro lado, Sotor desmentiu todos os relatórios do departamento médico brutense, e foi um dos melhores elementos da sua equipa.
Posto isto, convém começar por dizer que o problema das ausências de alguns jogadores importantes mantém-se para já como uma infeliz certeza. Carlos, Miguel e César, pelo FB, e Golias, Filipe e Chossas, pelos do MFC, não foram sequer convocados, e tal contribuiu também para que o jogo não tivesse a qualidade de tantos outros embates – mesmo sendo, mais uma vez, o jogo de arranque.
As equipas não estiveram tão concentradas nem tão criativas como o habitual, e nem sempre o futebol visto no campo foi dos mais bonitos. Dessa forma, o FB perdeu-se em jogadas demasiado individualistas, comprometendo uma mão cheia de boas oportunidades de golo, enquanto que o MFC, em virtude de uma melhor preparação física, soube tirar partido da juventude dos seus jogadores, e do bom entrosamento de que gozam, para contrariar um certo desnorte táctico.
Jogaram pelo FB Tiago, Aranhiço, Paulo, Ukraniano, Sotor e Simão, e pelo MFC Chica, Huga, Bruno, Rodrigues, João e Murta. Tiago regressou para dar consistência ao futebol ofensivo brutense, pleno de bons passes, boa visão de jogo e oportunismo, e recheado de magia objectiva. O jovem jogador demonstrou, contudo, não estar ainda na sua melhor forma física, e cedo começou a denotar algum cansaço. Ainda assim, foi um dos melhores em campo, apontou dois bons golos, e foi sempre o jogador mais perigoso e esclarecido. Começou a partida com demasiada ânsia de regressar e correu o campo todo, ajudando ainda a sua equipa no sector mais recuado. Quando começou a acusar o esforço, remeteu-se ao ataque, fixou uma posição perto da área adversária e continuou a produzir lances de bom futebol.
Aranhiço, por sua vez, não podia ter começado o campeonato de pior forma. O segundo golo do MFC é um frango como já há muito não se via, e só aconteceu porque o veterano guarda-redes assim o decidiu inventar. Um remate à toa de Murta, sem intenção sequer de se tornar golo, e as mãos de Aranhiço moles de mais para suster a bola que passou pelo meio das pernas direitinha ao fundo das redes. Aranhiço ainda tentou compensar o lance infeliz com três excelentes defesas, mas a imagem deixada já estava arruinada, e pese embora não tenha sido sua a responsabilidade do resultado final, a verdade é que o melhor guardião do campeonato também não demonstrou ainda estar na sua mais eficaz forma.
Simão foi uma dos principais responsáveis pela derrota da sua equipa. Sozinho, desperdiçou ou arruinou inúmeras jogadas de golo fácil, em virtude da incapacidade que demonstrou em jogar com os colegas de equipa. Faz sempre uma finta a mais, tenta sempre o remate, seja em que circunstância for, e deixa os restantes brutenses e respectiva massa associativa à beira de um ataque de nervos.
Paulo e Ukraniano também não começaram a luta por mais um título da melhor forma. Mais lentos do que é costume, os centrais do FB decidiram arriscar e subiram muito no terreno, tentando imiscuir-se nas manobras ofensivas da sua equipa. A falta de Carlos pode ter provocado esta decisão, mas os resultados foram absoluta e inequivocamente desastrosos. Dos sete golos apontados pelo MFC, só dois não nasceram de lances de contra ataque rápidos e certeiros. Os dois defesas não tinham velocidade para acompanhar os atacantes contrários, e várias foram as vezes em que Aranhiço se viu cara a cara com um ou dois adversários. Espera-se muito mais destes dois jogadores.
Sotor pura e simplesmente deslumbrou. Durante largos minutos foi mesmo o melhor brutense em campo, e precisamente – e também por isso mesmo – por se ter ocupado daquela função de que nem todos os jogadores gostam, e que só alguns conseguem desempenhar: o jogo duro. Sotor fez do meio campo a sua fortaleza e lutou por ela com unhas e dentes; fez faltas, puxou, agarrou, colou-se aos jogadores manfiosos e em suma não fez mais do que atrapalhar o seu jogo ofensivo. Durante esses largos minutos, a equipa do FB recuperou de um 2-1 que lhe era desfavorável e colocou-se em vantagem no marcador por 4-2. Infelizmente, Sotor também se ressentiu de algum cansaço, e durante outros tantos minutos andou um tanto ao quanto desaparecido do encontro. Foi precisamente nessa fase que o MFC, sentindo que tinha novamente espaço e paz para desenhar as suas jogadas, voltou à carga e se colocou novamente na posição de vencedor. Sotor foi enorme; marcou um golo e correu quilómetros, e atazanou verdadeiramente a paciência dos seus jovens oponentes.
Pelo lado manfioso, imperou o colectivo. A arma mais forte da equipa foi mesmo o entrosamento demonstrado, já que individualmente as coisas também não correram da melhor forma. João andou um tanto ao quanto afastado das grandes decisões da equipa. Foi de longe o mais rematador, mas apontou apenas um tento, pelo que o índice de pontaria de modo algum o favorece. Não defendeu tão bem quanto costuma fazer, e participou pouco na transição da defesa para o ataque, detalhe em que é habitualmente exímio. Chica denotou também alguma desconcentração, e embora tenha estado bem no sector mais recuado, não contribuiu da melhor maneira para os lances de ataque à baliza de Aranhiço, tendo estado manifestamente mal nos remates. Bruno esteve particularmente activo a meio campo, mas nem sempre soube fazer as melhores opções, desperdiçando algumas boas oportunidades de golo. A meio do jogo, apoquentado por uma lesão, retirou-se por alguns minutos, mas sem que isso prejudicasse os seus colegas, tendo regressado para os minutos finais do embate. Rodrigues voltou em aparente boa forma, fez um punhado de boas defesas e deu razão aos críticos, quando estes afirmam que a equipa sem ele fica notoriamente mais debilitada. Murta foi o trabalhador de serviço, correndo, saltando e defendendo com tudo quanto tinha. Foi o motor da equipa, motivando sempre os seus colegas e empurrando-os constantemente para a frente. Foi incontestavelmente o líder em campo. E depois Huga. O jogador, que tinha acabado a época anterior de forma algo apagada e até ausente, regressou a todo o gás e fez um jogo irrepreensível. Encheu o campo com a sua classe, fez jogadas de magia, distribuiu jogo, isolou colegas, deu golos a marcar e apontou ele próprio quatro dos sete tentos da equipa. Foi sem margem para dúvidas o melhor em campo, e o principal responsável pela primeira vitória manfiosa no campeonato.
Em suma, qualquer um dos conjuntos poderia ter saído do campo com a vitória nas mãos. Ambos jogaram para ganhar, embora nem sempre da melhor forma, e só pequenos detalhes fizeram, no final, a diferença real. Quando o marcador acusava 6-6, e faltavam poucos minutos para o término do encontro, foram os brutenses a pegar nos comandos e a dispor das melhores oportunidades de marcar o golo final. Num desses lances, Sotor falhou um golo incrível, a sua equipa não conseguiu reagir e recuperar, e não ofereceu qualquer resistência à rápida jogada de contra ataque manfiosa que, culminada por Huga, haveria de sentenciar a partida. Ironias inerentes ao próprio jogo e que fazem deste magnífico desporto um acontecimento muitas vezes impróprias para cardíacos.
Caros Leitores
A demanda da pré época chega ao seu porto de descanso. No horizonte, adivinha-se o fim das férias que, se para alguns foi proveitosa, para outros, como cHOSSAS, não trouxe mais do que tragédia e desilusões (o experiente jogador foi dispensado pelo MFC, e não fará parte dos quadros do clube durante a próxima temporada. E, no início de uma nova caminhada para a glória, nada como uma crónica de Nuno Matos acerca da temporada transacta.
É amanhã que todas as emoções regressam aos relvados do campeonato mais bem disputado do mundo. Com o título bem entregue à equipa do Força Bruta, torna-se interessante saber até que ponto conseguirão os seus jogadores aguentar a poderosa armada do Mânfios FC, sempre motivada e na procura do troféu que lhes tem fugido.
A época de 2007-2008 foi, por isso mesmo, intensa e imprópria para cardíacos; sempre equilibrada e impossível de prever – pese embora alguns resultados mais anormais -, a temporada foi marcada pela constante mudança de líder, e no fim, a diferença pontual entre os habituais candidatos ao título resumiu-se a uns meros três pontos. Essa diferença reflecte o espírito deste campeonato, em que todos os jogos são batalhas pela conquista de mais uma vitória. Neste caso, o campeão acabou por ser a formação mais experiente, o FB, e importa agora, e em jeito de resumo final, interpretar a época que findou e adiantar o que se pode esperar deste novo ano de competição.
E começamos pelo único ponto verdadeiramente negativo do campeonato: as ausências dos jogadores. A qualidade da prova não se coaduna com o elevado número de jogadores que estiveram arredados das partidas, alguns temporariamente, outros tendo falhado grande parte da época. Chossas, Barandas e os gémeos, jogaram pouquíssimos jogos, e as suas respectivas equipas ressentiram-se dessa fraca assiduidade. E não é para menos: todos são jogadores que, em boa forma, podem fazer a diferença e influenciar o resultado final. Para além disso, todos os jogadores do campeonato falharam um ou outro jogo, o que, tendo em conta o valor de todos os intervenientes neste emocionante espectáculo, significa sempre um revés no nível de magia e beleza do futebol jogado.
Para além disso, o campeonato transacto foi um luxo de bom futebol. Poucas foram as partidas mornas ou desinteressantes, com poucos golos ou desprovidas de emoção. Houve bom futebol, golos magníficos, incerteza constante no marcador e defesas impossíveis.
O capítulo pessoal, vários foram os jogadores que sobressaíram, acrescentando ainda mais qualidade e espectáculo a cada um dos ferozes embates. Desses jogadores, importa destacar João e Ukraniano, sem dúvida os mais regulares em toda a temporada, Aranhiço, numa época quase perfeita, Golias, completíssimo e sempre concentrado, Chica, um profissional recto e sem limites no esforço que coloca no seu jogo, Bruno, em claro ascendente técnico e Paulo, defesa de betão e quase inultrapassável. Estes terão sido provavelmente os elementos que mais deram ao campeonato, e que mais se aproximaram da harmoniosa regularidade dos já referidos João e Ukraniano. Os restantes jogadores, embora reconhecidamente valiosos, alternaram uma categoria inegável com momentos menos bons, e já tiveram épocas bem melhores que esta última.
Carlos, sempre um avançado de elite e o incontestável melhor marcador do campeonato, viu o seu futebol cair a pique na segunda metade da época, e terminou cansado e sem a criatividade e combatividade do costume. Sotor perdeu-se muitas vezes na táctica da sua equipa, e nem sempre soube servir os interesses dos seus colegas. Rodrigues, outrora o salva-vidas manfioso, viu-se a braços com inúmeras lesões, e teve uma época para esquecer. Miguel, provavelmente o atleta de quem mais se esperava, fez uma óptima primeira metade de campeonato, mas acabou também afastado dos relvados por uma grave lesão ao nível do tornozelo. E como estes, tantos outros casos de profissionais de valor que, por uma razão ou outra, não deram o contributo desejado às respectivas equipas.
Compete ainda a este vosso escriba repor a verdade implacável dos acontecimentos. Se no primeiro parágrafo fiz referência à justiça que significa o título ter ido para os lados do FB, a verdade é que não era menos justo ter sido a formação manfiosa a levar para casa o troféu máximo do futebol nacional. O MFC bateu-se sempre ao melhor nível do seu adversário de sempre, foi muitas das vezes superior, e acaba em segundo lugar a apenas três pontos do campeão, embora com uma substancial diferença nos golos marcados e sofridos.
Posto isto, parece claro que o campeonato que agora se inicia tem tudo para ser ainda mais emotivo e emocionante. O facto das duas equipas terem mantido as suas formações, garante a rivalidade saudável suficiente para que todo um manancial de emoções fortes invada novamente o rectângulo de jogo. No entanto, parece também obvio que a equipa do MFC leva uma ligeira vantagem neste arranque do campeonato. Por um lado porque terminou a temporada passada em claro ascendente sobre o seu mais directo adversário; porque tem jogadores mais jovens, mais rápidos e mais fortes, e porque parece apenas necessitar de refrear algum ímpeto exagerado para melhor alcançar os seus objectivos. Por outro, porque alguns jogadores brutenses não parecem estar ainda na sua melhor forma. Carlos, como já foi referido, acabou a temporada exausto, e os jogos da pré época não deixaram a melhor das impressões; Sotor passou as férias a tentar recuperar de várias lesões que o apoquentaram durante grande parte do último campeonato e parece também longe da sua melhor forma física; Miguel, tantas vezes o maestro da equipa, é a grande incógnita, já que o seu prognóstico continua a ser um segredo do departamento médico brutense. Nesse sentido, tornam-se claras as dificuldades com que o FB terá de lidar nestas primeiras jornadas. Será a sua experiência suficiente para continuar a manter os jovens manfiosos afastados da liderança de um campeonato que teima em lhes fugir? Será que é desta que o treinador do MFC consegue domar a energia explosiva dos seus pupilos e transformá-la em calma dominante?
Muitas são as questões e dúvidas que dominam neste momento as expectativas do público e da imprensa. Todas elas começas a ser respondidas já este fim-de-semana, no sítio do costume e com os intervenientes habituais.
Nuno Matos
Resta-nos agora esperar que o bom futebol corra pelas areias do Vereador Fontemanha com o vigor de uma manada de mamutes em debandada, a graciosidade de uma companhia de bailado russa, o saber de um endireita e a técnica de um velho e experiente picheleiro.
Até amanhã e boa sorte aos craques
A demanda da pré época chega ao seu porto de descanso. No horizonte, adivinha-se o fim das férias que, se para alguns foi proveitosa, para outros, como cHOSSAS, não trouxe mais do que tragédia e desilusões (o experiente jogador foi dispensado pelo MFC, e não fará parte dos quadros do clube durante a próxima temporada. E, no início de uma nova caminhada para a glória, nada como uma crónica de Nuno Matos acerca da temporada transacta.
É amanhã que todas as emoções regressam aos relvados do campeonato mais bem disputado do mundo. Com o título bem entregue à equipa do Força Bruta, torna-se interessante saber até que ponto conseguirão os seus jogadores aguentar a poderosa armada do Mânfios FC, sempre motivada e na procura do troféu que lhes tem fugido.
A época de 2007-2008 foi, por isso mesmo, intensa e imprópria para cardíacos; sempre equilibrada e impossível de prever – pese embora alguns resultados mais anormais -, a temporada foi marcada pela constante mudança de líder, e no fim, a diferença pontual entre os habituais candidatos ao título resumiu-se a uns meros três pontos. Essa diferença reflecte o espírito deste campeonato, em que todos os jogos são batalhas pela conquista de mais uma vitória. Neste caso, o campeão acabou por ser a formação mais experiente, o FB, e importa agora, e em jeito de resumo final, interpretar a época que findou e adiantar o que se pode esperar deste novo ano de competição.
E começamos pelo único ponto verdadeiramente negativo do campeonato: as ausências dos jogadores. A qualidade da prova não se coaduna com o elevado número de jogadores que estiveram arredados das partidas, alguns temporariamente, outros tendo falhado grande parte da época. Chossas, Barandas e os gémeos, jogaram pouquíssimos jogos, e as suas respectivas equipas ressentiram-se dessa fraca assiduidade. E não é para menos: todos são jogadores que, em boa forma, podem fazer a diferença e influenciar o resultado final. Para além disso, todos os jogadores do campeonato falharam um ou outro jogo, o que, tendo em conta o valor de todos os intervenientes neste emocionante espectáculo, significa sempre um revés no nível de magia e beleza do futebol jogado.
Para além disso, o campeonato transacto foi um luxo de bom futebol. Poucas foram as partidas mornas ou desinteressantes, com poucos golos ou desprovidas de emoção. Houve bom futebol, golos magníficos, incerteza constante no marcador e defesas impossíveis.
O capítulo pessoal, vários foram os jogadores que sobressaíram, acrescentando ainda mais qualidade e espectáculo a cada um dos ferozes embates. Desses jogadores, importa destacar João e Ukraniano, sem dúvida os mais regulares em toda a temporada, Aranhiço, numa época quase perfeita, Golias, completíssimo e sempre concentrado, Chica, um profissional recto e sem limites no esforço que coloca no seu jogo, Bruno, em claro ascendente técnico e Paulo, defesa de betão e quase inultrapassável. Estes terão sido provavelmente os elementos que mais deram ao campeonato, e que mais se aproximaram da harmoniosa regularidade dos já referidos João e Ukraniano. Os restantes jogadores, embora reconhecidamente valiosos, alternaram uma categoria inegável com momentos menos bons, e já tiveram épocas bem melhores que esta última.
Carlos, sempre um avançado de elite e o incontestável melhor marcador do campeonato, viu o seu futebol cair a pique na segunda metade da época, e terminou cansado e sem a criatividade e combatividade do costume. Sotor perdeu-se muitas vezes na táctica da sua equipa, e nem sempre soube servir os interesses dos seus colegas. Rodrigues, outrora o salva-vidas manfioso, viu-se a braços com inúmeras lesões, e teve uma época para esquecer. Miguel, provavelmente o atleta de quem mais se esperava, fez uma óptima primeira metade de campeonato, mas acabou também afastado dos relvados por uma grave lesão ao nível do tornozelo. E como estes, tantos outros casos de profissionais de valor que, por uma razão ou outra, não deram o contributo desejado às respectivas equipas.
Compete ainda a este vosso escriba repor a verdade implacável dos acontecimentos. Se no primeiro parágrafo fiz referência à justiça que significa o título ter ido para os lados do FB, a verdade é que não era menos justo ter sido a formação manfiosa a levar para casa o troféu máximo do futebol nacional. O MFC bateu-se sempre ao melhor nível do seu adversário de sempre, foi muitas das vezes superior, e acaba em segundo lugar a apenas três pontos do campeão, embora com uma substancial diferença nos golos marcados e sofridos.
Posto isto, parece claro que o campeonato que agora se inicia tem tudo para ser ainda mais emotivo e emocionante. O facto das duas equipas terem mantido as suas formações, garante a rivalidade saudável suficiente para que todo um manancial de emoções fortes invada novamente o rectângulo de jogo. No entanto, parece também obvio que a equipa do MFC leva uma ligeira vantagem neste arranque do campeonato. Por um lado porque terminou a temporada passada em claro ascendente sobre o seu mais directo adversário; porque tem jogadores mais jovens, mais rápidos e mais fortes, e porque parece apenas necessitar de refrear algum ímpeto exagerado para melhor alcançar os seus objectivos. Por outro, porque alguns jogadores brutenses não parecem estar ainda na sua melhor forma. Carlos, como já foi referido, acabou a temporada exausto, e os jogos da pré época não deixaram a melhor das impressões; Sotor passou as férias a tentar recuperar de várias lesões que o apoquentaram durante grande parte do último campeonato e parece também longe da sua melhor forma física; Miguel, tantas vezes o maestro da equipa, é a grande incógnita, já que o seu prognóstico continua a ser um segredo do departamento médico brutense. Nesse sentido, tornam-se claras as dificuldades com que o FB terá de lidar nestas primeiras jornadas. Será a sua experiência suficiente para continuar a manter os jovens manfiosos afastados da liderança de um campeonato que teima em lhes fugir? Será que é desta que o treinador do MFC consegue domar a energia explosiva dos seus pupilos e transformá-la em calma dominante?
Muitas são as questões e dúvidas que dominam neste momento as expectativas do público e da imprensa. Todas elas começas a ser respondidas já este fim-de-semana, no sítio do costume e com os intervenientes habituais.
Nuno Matos
Resta-nos agora esperar que o bom futebol corra pelas areias do Vereador Fontemanha com o vigor de uma manada de mamutes em debandada, a graciosidade de uma companhia de bailado russa, o saber de um endireita e a técnica de um velho e experiente picheleiro.
Até amanhã e boa sorte aos craques
Wednesday, July 16, 2008
12-07-2008
O jogo do passado sábado foi realizado à porta fechada por imposição da federação, no que representa um episódio insólito neste campeonato. Privados de assistir a quaisquer imagens da partida, resta-nos apresentar as formações que alinharam por ambas as equipas e o resultado final.
Jogaram Sotor, Huga, George, Paulo, Carlos e Finíssimo (substituído por Rodrigues) pela equipa brutense e Chica, Bruno, Murta, Golias, Nunes e João pelo Mânfios.
O jogo terminou com a vitória absolutamente surpreendente do FB que soube recuperar de uma péssima exibição e de uma consequente semana difícil, para levar de vencida a equipa rival. Desse modo relançou o campeonato e lançou ainda mais confusão no que à decisão do campeão diz respeito. Isto tudo numa altura em que faltam apenas dois jogos para o término de mais uma temporada. O resultado 10-7 demonstra alguma segurança, mas reforça também a surpresa que representou esta vitória.
O jogo do passado sábado foi realizado à porta fechada por imposição da federação, no que representa um episódio insólito neste campeonato. Privados de assistir a quaisquer imagens da partida, resta-nos apresentar as formações que alinharam por ambas as equipas e o resultado final.
Jogaram Sotor, Huga, George, Paulo, Carlos e Finíssimo (substituído por Rodrigues) pela equipa brutense e Chica, Bruno, Murta, Golias, Nunes e João pelo Mânfios.
O jogo terminou com a vitória absolutamente surpreendente do FB que soube recuperar de uma péssima exibição e de uma consequente semana difícil, para levar de vencida a equipa rival. Desse modo relançou o campeonato e lançou ainda mais confusão no que à decisão do campeão diz respeito. Isto tudo numa altura em que faltam apenas dois jogos para o término de mais uma temporada. O resultado 10-7 demonstra alguma segurança, mas reforça também a surpresa que representou esta vitória.
Tuesday, July 08, 2008
CAMPEÕES?
Esta será porventura a crónica mais simples e rápida de escrever da história profissional deste vosso escriba. No jogo de sábado passado a equipa do Mânfios FC foi demasiado forte e a do Força Bruta demasiado fraca. E as coisas são assim mesmo, simples e facilmente explicáveis.
As equipas alinharam com Sotor, Carlos, César, Aranhiço, George, Paulo, Bruno e Huga pelo FB e Chica, Murta, Golias, Chossas, Finíssimo, Nunes, João, Simão e a supresa Miguel, alinhando pelo seu eterno rival e logo à frente da sua baliza. A vantagem numérica – embora de apenas um elemento – foi substancial e fez toda a diferença, especialmente se tivermos em conta a táctica adoptada pelo MFC e com que deu um autêntico banho de futebol ao seu rival de sempre.
O dia 5 de Julho de 2008 ficará para sempre recordado pelo jogo em que a diferença entre os dois maiores clubes do campeonato foi monstruosa. Nunca como até então uma equipa se tinha superiorizado de tal forma. De tal forma que o MFC podia perfeitamente acabar com o jogo na primeira meia hora, se tanto tempo fosse realmente necessário. Não o fazerem foi responsabilidade de dois jogadores: Aranhiço que fez o impossível para tentar parar a avalanche violenta de futebol manfioso, e Simão, que ironicamente era o ponta de lança do Mânfios, mas que se entreteve, nessa fase do jogo, a arruinar um sem número de jogadas de golo certo. O jovem avançado acabou o jogo em posição de destaque, em virtude dos quatro golos apontados. No entanto, deve ter sido severo o puxão de orelhas que levou do seu treinador no balneário, já que o seu egoísmo e a sua fome de golo fizeram com que se perdessem jogadas de ataque com quatro e cinco elementos frente a frente com George e Aranhiço. A superioridade manfiosa era de facto avassaladora e era triste ver uma equipa da qualidade do FB perfeitamente perdida em campo, ridicularizando-se e dando mostras de fragilidades que os próprios jogadores não sabiam existir. Na primeira meia hora fizeram um tímido remate à baliza de Migue, e isso foi o sintoma principal da doença inflingida por uma demasiado dominadora equipa manfiosa.
Bastaram sete minutos para o público ver os três primeiros golos. Golos fáceis e que resultaram – como os três que se lhes seguiram – de perdas de bola ainda antes da linha do meio campo. O FB estava completamente partido em dois; desesperados pela paupérrima exibição e pela titânica exibição dos manfiosos, os jogadores brutenses, isentos de qualquer capacidade de discernir o que era necessário para rapidamente regressarem ao jogo, decidiram-se pelo caminho mais curto e mais perigoso, ou seja, avançarem loucamente e em bloco para a frente de ataque, sem qualquer táctica, fio condutor ou organização de qualquer espécie. O caos foi ainda maior, já que subitamente as dificuldades dos únicos dois jogadores na defesa brutense ficavam irremediavelmente sós perante uma avalanche de cinco atacantes adversários. Porque se eram cinco os defesas manfiosos – Murta, Chica, Golias, Chossas e Nunes -, a verdade é que muito rapidamente dois e às vezes três destes elementos avançavam no terreno para apoiar um ataque já de si devastador. Novamente, nunca se tinha visto uma tão gritante diferença entre duas equipas, e a ameaça de que pela primeira vez na história do campeonato uma equipa terminasse uma partida sem qualquer golo marcado, não foi uma hipótese assim tão distante quanto isso.
Foi humilhante o desempenho do FB, que só conseguiu equilibrar o rumo dos acontecimentos – sem contudo o conseguir alterar – quando o MFC decidiu que já era hora de acalmar e de poupar energias. Não era de facto necessário um esforço sequer razoável para levar de vencida uma equipa amorfa, lenta, sem ideias e, acima de tudo, absolutamente descontrolada. Carlos não podia fazer o seu habitual trabalho, marcado que estava por três defesas adversários; César regressou à convocatória para mais um jogo… à César, isto é, atabalhoado, descompensado e sem nexo; Paulo, desmotivado, desistiu quase que por completo das suas tarefas defensivas e perdeu-se na frente de ataque; Bruno tentou como pôde lutar contra a defesa manfiosa, mas o seu esforço era inglório, já que não tinha qualquer tipo de apoio por parte dos seus colegas; Sotor foi uma desilusão, já que depois de dois jogos maravilhosos, voltou a cair nos mesmos erros do costume. É no meio campo que o veterano capitão melhor
sabe jogar e era precisamente no meio campo que a sua equipa demonstrava as maiores dificuldades. Dificuldades na construção do jogo, perante um meio campo manfioso sobrelotado de defesas, e dificuldades no bloquear de jogadas atacantes, que choviam verdadeiramente sobre a baliza de Aranhiço; George e Aranhiço não conseguiam fazer mais. A rapidez e violência com que os avançados manfiosos chegavam à área do FB, e a quantidade absurda de remates à baliza, e isto apenas em vinte minutos, esgotaram os dois atletas. Desanimaram-nos, enfraqueceram-nos e retiraram-lhe todas as hipóteses de combater os manfiosos de igual para igual.
Na equipa do Mânfios ninguém se destacou realmente. Todos jogaram maravilhosamente bem, como um todo, entendendo na perfeição o que se estava a passar, mantendo a energia explosiva com que começaram a partida mesmo até ao seu desfecho e exibindo uma alegria e uma vontade de jogar que nem sempre são visíveis neste campeonato. Em suma, não deram quaisquer hipóteses aos seus rivais de sempre, e ainda tiveram tempo para encontrar um estilo de jogo que pode muito bem levá-los à conquista do campeonato, e que se baseia num princípio terrivelmente eficaz: meter um autocarro de defesas em frente à baliza e usar da velocidade e potência dos seus jovens jogadores para rapidamente se chegarem à baliza adversária. Simples e letal.
Teme-se pela capacidade de resposta do FB principalmente porque não vai poder contar com Aranhiço na próxima contenda. O guarda-redes mesmo quando não está em dia sim é a única garantia que a sua equipa tem de não levar mais uma goleada, e tem sido, sem dúvida, o seu melhor elemento. Será essa a razão pela qual o jogador não vai fazer parte da convocatória do próximo sábado? Será que esta derrota teve consequências ao nível do balneário do FB? O empresário de Aranhiço já emitiu um comunicado desmentindo as teorias que dizem que o guardião estaria descontente no Força Bruta e que estaria a ponderar uma transferência, possivelmente para o estrangeiro. Segundo Joaquim Tontinho, “o Aranhiço é feliz na sua equipa de sempre e não existem quaisquer problemas com o departamento técnico, com o treinador, colegas de equipa ou com a presidência do clube. São motivos de ordem pessoal que o impedem de alinhar no próximo fim-de-semana, e nada mais!”.
Assim sendo, resta-nos aguardar pelo próximo jogo e tentar entender se de facto esta pesada e histórica derrota deixou cicatrizes no grupo brutense.
Esta será porventura a crónica mais simples e rápida de escrever da história profissional deste vosso escriba. No jogo de sábado passado a equipa do Mânfios FC foi demasiado forte e a do Força Bruta demasiado fraca. E as coisas são assim mesmo, simples e facilmente explicáveis.
As equipas alinharam com Sotor, Carlos, César, Aranhiço, George, Paulo, Bruno e Huga pelo FB e Chica, Murta, Golias, Chossas, Finíssimo, Nunes, João, Simão e a supresa Miguel, alinhando pelo seu eterno rival e logo à frente da sua baliza. A vantagem numérica – embora de apenas um elemento – foi substancial e fez toda a diferença, especialmente se tivermos em conta a táctica adoptada pelo MFC e com que deu um autêntico banho de futebol ao seu rival de sempre.
O dia 5 de Julho de 2008 ficará para sempre recordado pelo jogo em que a diferença entre os dois maiores clubes do campeonato foi monstruosa. Nunca como até então uma equipa se tinha superiorizado de tal forma. De tal forma que o MFC podia perfeitamente acabar com o jogo na primeira meia hora, se tanto tempo fosse realmente necessário. Não o fazerem foi responsabilidade de dois jogadores: Aranhiço que fez o impossível para tentar parar a avalanche violenta de futebol manfioso, e Simão, que ironicamente era o ponta de lança do Mânfios, mas que se entreteve, nessa fase do jogo, a arruinar um sem número de jogadas de golo certo. O jovem avançado acabou o jogo em posição de destaque, em virtude dos quatro golos apontados. No entanto, deve ter sido severo o puxão de orelhas que levou do seu treinador no balneário, já que o seu egoísmo e a sua fome de golo fizeram com que se perdessem jogadas de ataque com quatro e cinco elementos frente a frente com George e Aranhiço. A superioridade manfiosa era de facto avassaladora e era triste ver uma equipa da qualidade do FB perfeitamente perdida em campo, ridicularizando-se e dando mostras de fragilidades que os próprios jogadores não sabiam existir. Na primeira meia hora fizeram um tímido remate à baliza de Migue, e isso foi o sintoma principal da doença inflingida por uma demasiado dominadora equipa manfiosa.
Bastaram sete minutos para o público ver os três primeiros golos. Golos fáceis e que resultaram – como os três que se lhes seguiram – de perdas de bola ainda antes da linha do meio campo. O FB estava completamente partido em dois; desesperados pela paupérrima exibição e pela titânica exibição dos manfiosos, os jogadores brutenses, isentos de qualquer capacidade de discernir o que era necessário para rapidamente regressarem ao jogo, decidiram-se pelo caminho mais curto e mais perigoso, ou seja, avançarem loucamente e em bloco para a frente de ataque, sem qualquer táctica, fio condutor ou organização de qualquer espécie. O caos foi ainda maior, já que subitamente as dificuldades dos únicos dois jogadores na defesa brutense ficavam irremediavelmente sós perante uma avalanche de cinco atacantes adversários. Porque se eram cinco os defesas manfiosos – Murta, Chica, Golias, Chossas e Nunes -, a verdade é que muito rapidamente dois e às vezes três destes elementos avançavam no terreno para apoiar um ataque já de si devastador. Novamente, nunca se tinha visto uma tão gritante diferença entre duas equipas, e a ameaça de que pela primeira vez na história do campeonato uma equipa terminasse uma partida sem qualquer golo marcado, não foi uma hipótese assim tão distante quanto isso.
Foi humilhante o desempenho do FB, que só conseguiu equilibrar o rumo dos acontecimentos – sem contudo o conseguir alterar – quando o MFC decidiu que já era hora de acalmar e de poupar energias. Não era de facto necessário um esforço sequer razoável para levar de vencida uma equipa amorfa, lenta, sem ideias e, acima de tudo, absolutamente descontrolada. Carlos não podia fazer o seu habitual trabalho, marcado que estava por três defesas adversários; César regressou à convocatória para mais um jogo… à César, isto é, atabalhoado, descompensado e sem nexo; Paulo, desmotivado, desistiu quase que por completo das suas tarefas defensivas e perdeu-se na frente de ataque; Bruno tentou como pôde lutar contra a defesa manfiosa, mas o seu esforço era inglório, já que não tinha qualquer tipo de apoio por parte dos seus colegas; Sotor foi uma desilusão, já que depois de dois jogos maravilhosos, voltou a cair nos mesmos erros do costume. É no meio campo que o veterano capitão melhor
sabe jogar e era precisamente no meio campo que a sua equipa demonstrava as maiores dificuldades. Dificuldades na construção do jogo, perante um meio campo manfioso sobrelotado de defesas, e dificuldades no bloquear de jogadas atacantes, que choviam verdadeiramente sobre a baliza de Aranhiço; George e Aranhiço não conseguiam fazer mais. A rapidez e violência com que os avançados manfiosos chegavam à área do FB, e a quantidade absurda de remates à baliza, e isto apenas em vinte minutos, esgotaram os dois atletas. Desanimaram-nos, enfraqueceram-nos e retiraram-lhe todas as hipóteses de combater os manfiosos de igual para igual.
Na equipa do Mânfios ninguém se destacou realmente. Todos jogaram maravilhosamente bem, como um todo, entendendo na perfeição o que se estava a passar, mantendo a energia explosiva com que começaram a partida mesmo até ao seu desfecho e exibindo uma alegria e uma vontade de jogar que nem sempre são visíveis neste campeonato. Em suma, não deram quaisquer hipóteses aos seus rivais de sempre, e ainda tiveram tempo para encontrar um estilo de jogo que pode muito bem levá-los à conquista do campeonato, e que se baseia num princípio terrivelmente eficaz: meter um autocarro de defesas em frente à baliza e usar da velocidade e potência dos seus jovens jogadores para rapidamente se chegarem à baliza adversária. Simples e letal.
Teme-se pela capacidade de resposta do FB principalmente porque não vai poder contar com Aranhiço na próxima contenda. O guarda-redes mesmo quando não está em dia sim é a única garantia que a sua equipa tem de não levar mais uma goleada, e tem sido, sem dúvida, o seu melhor elemento. Será essa a razão pela qual o jogador não vai fazer parte da convocatória do próximo sábado? Será que esta derrota teve consequências ao nível do balneário do FB? O empresário de Aranhiço já emitiu um comunicado desmentindo as teorias que dizem que o guardião estaria descontente no Força Bruta e que estaria a ponderar uma transferência, possivelmente para o estrangeiro. Segundo Joaquim Tontinho, “o Aranhiço é feliz na sua equipa de sempre e não existem quaisquer problemas com o departamento técnico, com o treinador, colegas de equipa ou com a presidência do clube. São motivos de ordem pessoal que o impedem de alinhar no próximo fim-de-semana, e nada mais!”.
Assim sendo, resta-nos aguardar pelo próximo jogo e tentar entender se de facto esta pesada e histórica derrota deixou cicatrizes no grupo brutense.
Monday, July 07, 2008
28-06-08
O JOGO MAIS ESTRANHO
Sejamos sinceros: depois dos altos índices de intensidade e do futebol bonito do FB e do jogo mais cínico do MFC, evidenciados no jogo da semana passada, tudo levava a crer que o jogo desta semana não poderia despontar igual interesse. Enganados estavam os que cedo de mais vaticinaram esse julgamento. O embate do passado sábado teve todos esses ingredientes e em doses ainda mais generosas. Futebol aguerrido, bem disputado, correcto mas aqui e ali na margem do que é permitido por lei, e pleno de jogadas bonitas e finalizações espectaculares. O título desta peça destoa, é certo, mas aplica-se por causa da inexplicável razia a que a dada altura os jogadores brutenses foram sujeitos.
Antes disso, o jogo estava bem e recomendava-se. E a toada não era muito diferente da do jogo anterior. FB a atacar com tudo o que tinha, e MFC – equipa formada por Chica, João, Golias, Murta, Simão, Rodrigues, Chossas e Nunes - a fazer três golos em três remates à baliza. A aumentar ainda mais o caricato da situação, está o facto do primeiro golo ter sido apontado na marcação de uma grande penalidade bastante duvidosa e sem que a equipa manfiosa tivesse sequer rematado à baliza de Aranhiço.
Apesar da adversidade – e da frustração evidente que é sofrer três golos sem o merecer – os jogadores brutenses não baixaram os braços e continuaram a tentar o golo que faltava para, de uma vez por todas, levantarem a cabeça e rumarem à vitória que por pouco lhes tinha escapado no último encontro. E conseguiram-no. E conseguiram não só o empate como ainda chegar a um resultado de 5-3 que dava a ideia de que a vitória não andaria longe, tal a rapidez com que deram a volta ao marcador. Alinhando com Sotor, Nuno, Carlos, Finíssimo, Bruno, Paulo, George e Aranhiço, o FB deu mais uma vez a imagem de uma equipa sólida, criativa, boa na troca de bola e segura a meio campo. Mais uma vez liderada por Sotor, que fez o seu melhor jogo esta época, o FB tinha tudo para se sagrar vencedor do encontro. Não o fez devido a uma série estúpida de contrariedades. E que começou precisamente no momento em que Finíssimo e Carlos abandonaram o jogo. A equipa estava totalmente balançada no ataque e dominava por completo o seu adversário. A saída precipitada dos dois avançados condicionou de forma inegável o excelente jogo que o FB vinha fazendo. Finíssimo não estava a jogar tão bem quanto isso, mas mesmo assim é um jogador que tem sempre a baliza em vista e que arrisca e leva a bola para a frente. Carlos é Carlos. Ninguém cria espaços na defesa contrária como ele, ninguém inventa golos como ele e nenhum outro jogador prende os centrais contrários como ele. A sua saída foi determinante para o péssimo período de jogo brutense que se viria a seguir. Para piorar ainda mais uma situação que se previa letal, Nuno, até então a fazer um jogo impecável, saiu em virtude do agravar de uma lesão que já o tinha apoquentado no jogo anterior. O jovem defesa foi a revelação desse encontro, excelente a defender, dono e senhor da sua área de jogo, tacticamente excelente e de uma inteligência e antecipação anormais para um tão imberbe atleta. A sua saída foi o tiro de misericórdia do FB. Ferida de morte, a equipa foi presa fácil para os predadores manfiosos, que num ápice marcaram nada mais, nada menos, do que cinco golos sem sequer uma hipótese de resposta. Foi uma fase terrível para os brutenses, já que a diferença de qualidade era brutalmente esmagadora, mas que deu aos espectadores mais uma prova da inegável qualidade de Sotor. Foi nesta fase frustrante que o capitão mais se evidenciou, lutando, correndo, empurrando, guerreando cada posse do esférico. Sempre sem desistir e demonstrando uma enorme falta de vontade em entregar o jogo de mão beijada, Sotor tentou com todas as forças dinamizar a sua equipa, mas com fraco sucesso. Nessa altura já Simão se tinha passado para os lados do FB, e essa alteração veio-se a provar totalmente desastrosa, já que o jovem avançado, fazendo dupla com outro miúdo dos brutenses, Bruno, não fez mais do que lutar com o seu colega pelo lance mais bonito, pelo toque mais acrobático ou pelo golo mais fabuloso. O único resultado visível foi o tempo de jogo gasto em sucessivas perdas de bola e em lances de golo estrondosamente falhados. Só com a mudança de equipa operada por João é que as coisas se equilibraram. A equipa voltou a ser competitiva, e readquiriu as mesmas armas do seu adversário: calma, clarividência e qualidade no passe. Recuperou de um resultado negativo e alcançado de forma humilhante, e conseguiu mesmo terminar o jogo na posição de vencedora.
Foi tudo demasiado rápido e privado de qualidade. Se a primeira metade do jogo foi espectacular e extremamente bem disputada, a segunda ficou muito a dever a todos os que se deslocaram ao estádio naquela manhã soalheira de sábado. Durante largos minutos o jogo parecia estar a ser disputado por equipas de dois escalões diferentes, tal a diferença na qualidade do futebol apresentado. A coisa só se normalizou graças à anormal mudança de equipas de um jogador que em qualquer lugar do mundo faz a diferença, João.
Ainda assim, são merecedoras de destaque as exibições de alguns jogadores. De Chica, desde logo, porque fez um jogo enorme. Foi o jogador que mais correu na sua equipa e aquele que mais fez por combater, numa primeira fase, a superioridade dos adversários, e já na recta final do encontro, um novo ascendente brutense. De Golias, novamente a desempenhar tarefas defensivas, deixando o ataque para os seus colegas, e sendo um dos principais responsáveis pela segurança do meio campo manfioso. De Nunes, que atacou muito e que apontou um golo fabuloso. E finalmente de Rodrigues, que depois de um longo período do jogo sem preocupações teve, nos minutos finais, de se aplicar a fundo e inventar uma mão cheia daquelas defesas que o fizeram famoso. Rodrigues alinhou unicamente para dar algum descanso aos guarda-redes que têm vindo a ser titulares, já que tentava há algumas semanas recuperar de uma grave lesão no punho direito. Já depois do fim do jogo, o departamento médico do MFC emitiu um comunicado em que fazia saber que o veteraníssimo guardião havia piorado essa mesma lesão e que muito provavelmente não voltaria a defender as redes da sua equipa, pelo menos até ao início da próxima época.
O jogo foi estranho. Estranho porque teve três partes bem distintas, de qualidade futebolística variada, de motivos de interesse bem distintos e porque mostrou duas equipas à procura de recuperar o tipo de jogo que melhor as identifica. O meio do campeonato significou o baixar da qualidade do jogo. A intensidade quebrou um pouquinho, especialmente se tivermos em conta que o arranque do campeonato foi coisa imprópria para cardíacos. A aproximação das derradeiras jornadas pode trazer alguma emoção, já que nada está ainda decidido e o campeão é, por esta hora, coisa por determinar. Será que o próximo jogo vai trazer alguma luz a este assunto. As hostes futebolísticas aguardam
O JOGO MAIS ESTRANHO
Sejamos sinceros: depois dos altos índices de intensidade e do futebol bonito do FB e do jogo mais cínico do MFC, evidenciados no jogo da semana passada, tudo levava a crer que o jogo desta semana não poderia despontar igual interesse. Enganados estavam os que cedo de mais vaticinaram esse julgamento. O embate do passado sábado teve todos esses ingredientes e em doses ainda mais generosas. Futebol aguerrido, bem disputado, correcto mas aqui e ali na margem do que é permitido por lei, e pleno de jogadas bonitas e finalizações espectaculares. O título desta peça destoa, é certo, mas aplica-se por causa da inexplicável razia a que a dada altura os jogadores brutenses foram sujeitos.
Antes disso, o jogo estava bem e recomendava-se. E a toada não era muito diferente da do jogo anterior. FB a atacar com tudo o que tinha, e MFC – equipa formada por Chica, João, Golias, Murta, Simão, Rodrigues, Chossas e Nunes - a fazer três golos em três remates à baliza. A aumentar ainda mais o caricato da situação, está o facto do primeiro golo ter sido apontado na marcação de uma grande penalidade bastante duvidosa e sem que a equipa manfiosa tivesse sequer rematado à baliza de Aranhiço.
Apesar da adversidade – e da frustração evidente que é sofrer três golos sem o merecer – os jogadores brutenses não baixaram os braços e continuaram a tentar o golo que faltava para, de uma vez por todas, levantarem a cabeça e rumarem à vitória que por pouco lhes tinha escapado no último encontro. E conseguiram-no. E conseguiram não só o empate como ainda chegar a um resultado de 5-3 que dava a ideia de que a vitória não andaria longe, tal a rapidez com que deram a volta ao marcador. Alinhando com Sotor, Nuno, Carlos, Finíssimo, Bruno, Paulo, George e Aranhiço, o FB deu mais uma vez a imagem de uma equipa sólida, criativa, boa na troca de bola e segura a meio campo. Mais uma vez liderada por Sotor, que fez o seu melhor jogo esta época, o FB tinha tudo para se sagrar vencedor do encontro. Não o fez devido a uma série estúpida de contrariedades. E que começou precisamente no momento em que Finíssimo e Carlos abandonaram o jogo. A equipa estava totalmente balançada no ataque e dominava por completo o seu adversário. A saída precipitada dos dois avançados condicionou de forma inegável o excelente jogo que o FB vinha fazendo. Finíssimo não estava a jogar tão bem quanto isso, mas mesmo assim é um jogador que tem sempre a baliza em vista e que arrisca e leva a bola para a frente. Carlos é Carlos. Ninguém cria espaços na defesa contrária como ele, ninguém inventa golos como ele e nenhum outro jogador prende os centrais contrários como ele. A sua saída foi determinante para o péssimo período de jogo brutense que se viria a seguir. Para piorar ainda mais uma situação que se previa letal, Nuno, até então a fazer um jogo impecável, saiu em virtude do agravar de uma lesão que já o tinha apoquentado no jogo anterior. O jovem defesa foi a revelação desse encontro, excelente a defender, dono e senhor da sua área de jogo, tacticamente excelente e de uma inteligência e antecipação anormais para um tão imberbe atleta. A sua saída foi o tiro de misericórdia do FB. Ferida de morte, a equipa foi presa fácil para os predadores manfiosos, que num ápice marcaram nada mais, nada menos, do que cinco golos sem sequer uma hipótese de resposta. Foi uma fase terrível para os brutenses, já que a diferença de qualidade era brutalmente esmagadora, mas que deu aos espectadores mais uma prova da inegável qualidade de Sotor. Foi nesta fase frustrante que o capitão mais se evidenciou, lutando, correndo, empurrando, guerreando cada posse do esférico. Sempre sem desistir e demonstrando uma enorme falta de vontade em entregar o jogo de mão beijada, Sotor tentou com todas as forças dinamizar a sua equipa, mas com fraco sucesso. Nessa altura já Simão se tinha passado para os lados do FB, e essa alteração veio-se a provar totalmente desastrosa, já que o jovem avançado, fazendo dupla com outro miúdo dos brutenses, Bruno, não fez mais do que lutar com o seu colega pelo lance mais bonito, pelo toque mais acrobático ou pelo golo mais fabuloso. O único resultado visível foi o tempo de jogo gasto em sucessivas perdas de bola e em lances de golo estrondosamente falhados. Só com a mudança de equipa operada por João é que as coisas se equilibraram. A equipa voltou a ser competitiva, e readquiriu as mesmas armas do seu adversário: calma, clarividência e qualidade no passe. Recuperou de um resultado negativo e alcançado de forma humilhante, e conseguiu mesmo terminar o jogo na posição de vencedora.
Foi tudo demasiado rápido e privado de qualidade. Se a primeira metade do jogo foi espectacular e extremamente bem disputada, a segunda ficou muito a dever a todos os que se deslocaram ao estádio naquela manhã soalheira de sábado. Durante largos minutos o jogo parecia estar a ser disputado por equipas de dois escalões diferentes, tal a diferença na qualidade do futebol apresentado. A coisa só se normalizou graças à anormal mudança de equipas de um jogador que em qualquer lugar do mundo faz a diferença, João.
Ainda assim, são merecedoras de destaque as exibições de alguns jogadores. De Chica, desde logo, porque fez um jogo enorme. Foi o jogador que mais correu na sua equipa e aquele que mais fez por combater, numa primeira fase, a superioridade dos adversários, e já na recta final do encontro, um novo ascendente brutense. De Golias, novamente a desempenhar tarefas defensivas, deixando o ataque para os seus colegas, e sendo um dos principais responsáveis pela segurança do meio campo manfioso. De Nunes, que atacou muito e que apontou um golo fabuloso. E finalmente de Rodrigues, que depois de um longo período do jogo sem preocupações teve, nos minutos finais, de se aplicar a fundo e inventar uma mão cheia daquelas defesas que o fizeram famoso. Rodrigues alinhou unicamente para dar algum descanso aos guarda-redes que têm vindo a ser titulares, já que tentava há algumas semanas recuperar de uma grave lesão no punho direito. Já depois do fim do jogo, o departamento médico do MFC emitiu um comunicado em que fazia saber que o veteraníssimo guardião havia piorado essa mesma lesão e que muito provavelmente não voltaria a defender as redes da sua equipa, pelo menos até ao início da próxima época.
O jogo foi estranho. Estranho porque teve três partes bem distintas, de qualidade futebolística variada, de motivos de interesse bem distintos e porque mostrou duas equipas à procura de recuperar o tipo de jogo que melhor as identifica. O meio do campeonato significou o baixar da qualidade do jogo. A intensidade quebrou um pouquinho, especialmente se tivermos em conta que o arranque do campeonato foi coisa imprópria para cardíacos. A aproximação das derradeiras jornadas pode trazer alguma emoção, já que nada está ainda decidido e o campeão é, por esta hora, coisa por determinar. Será que o próximo jogo vai trazer alguma luz a este assunto. As hostes futebolísticas aguardam