Tuesday, February 12, 2008

 
01-02-2008


A PAPEL QUIMICO!!!


Ao escriba seria demasiado fácil escrever esta crónica, caso quisesse pura e simplesmente copiar a feita na semana passada. Isto porque o jogo de Sábado passado foi uma fotocópia do anterior até ao mais ínfimo pormenor. Desde a marcha do marcador, passando pela má qualidade do futebol jogado, até às figuras em destaque, este novo embate entre rivais de sempre só acabou por se tornar um jogo interessante – e com elevados níveis de ansiedade e tensão – nos últimos trinta minutos, quando o empate teimava em não ser desfeito, e as hipóteses flagrantes de golo eram negadas por ambos os guarda-redes.

Até aí, tudo haveria de ser desinteressante, feio e sem grandes motivos para justificarem a ida dos adeptos ao estádio. O Força Bruta, alinhando com a sua formação clássica e com a inclusão de Rodrigues na frente de ataque – uma opção discutível mas que acabaria por ser determinante para o desenrolar do encontro – e o regresso de Miguel ao centro do campo, começou melhor que o Mânfios, não permitindo grandes veleidades atacantes aos seus jovens oponentes, e criando desde o começo de jogo a ideia de que estavam ali para vencer. Carlos, apoiado por um inesperado Rodrigues, começo desde cedo a dar nas vistas, enquanto Filipe, pelo lado dos manfiosos e pelas piores das razões, se destacava na baliza da sua equipa. Não é admissível que um guarda-redes tenha um comportamento daqueles, colocando em risco desnecessário a sua formação, comprometendo o trabalho dos seus colegas e sendo o principal responsável pelo disparar no marcador de um resultado escandaloso e favorável aos visitantes.

E esse resultado começou a ser construído logo aos cinco minutos e pelos dois jogadores mais experientes em campo, Rodrigues e Sotor. O primeiro, em resultado de uma jogada individual genial, bem encostado à linha lateral esquerda, isolou Sotor que, de primeira e com um toque pleno de subtileza, encaixou o esférico no buraco da agulha, desfeiteando um surpreendido Filipe. E tal como na semana anterior, a marcha do marcador foi rápida e em nada exagerada. O 5-0 surgiu sem espantar e o 6-0 e o 7-1 davam a nítida sensação de que a contenda teria um final rápido e sem história. E tal não aconteceu. Muito pelo contrário. O jogo tornou-se num dos mais emocionantes e longos da história deste campeonato e os níveis de adrenalina subiram em flecha, e tudo provocado por uma simples, mas fundamental, mudança táctica. Filipe saía de jogo, depois de uma exibição verdadeiramente desastrosa e logo após sofrer o 8-2 – um magnífico chapéu de Carlos -, e Rodrigues mudar-se-ia para a equipa adversária, ocupando o lugar deixado vago na baliza. Sem o veteraníssimo jogador no apoio a Carlos, só restavam duas hipóteses aos brutenses: jogar o resto do encontro apenas com um avançado, apostando assim nos lances de contra-ataque, ou fazer subir Sotor, deixando Miguel na defesa do meio campo, e mantendo a pressão que até aí tão bons resultados tinha tido. Parecia fácil a decisão, já que o pesado resultado, e a curta distância de dois golos que separava o FB da vitória, davam todo o sossego e tranquilidade que tantas vezes têm faltado aos pupilos de Sotor. E foi precisamente pelo comportamento do veterano líder que as coisas começaram a ruir para os brutenses. Incapaz de definir uma posição em campo, indeciso no que a ocupar a frente de ataque com Carlos ou manter o meio campo diz respeito, Sotor acabou por deitar por terra todas as aspirações da sua equipa. Estava sempre onde não devia, e nunca estava onde era realmente necessário. Dessa forma, acabou por falhar onde mais era necessário, o centro da sua defesa, e por comprometer seriamente quaisquer hipóteses de repudiar as tentativas de ataque do adversário, já que não foram poucas as vezes que o último passe para os atacantes manfiosos saiu dos seus pés. A juntar a isso, a inexplicável quebra física de Miguel, incapaz também ele de servir o ataque ou de auxiliar os colegas da defesa. Assim sendo, os laterais brutenses tinham necessariamente de se desdobrar em esforços defensivos, à medida que Carlos desaparecia rapidamente de acção – motivado também por uma tenaz e exemplar defesa movida por João.

Num instante, e muito por culpa destes factores e de um Huga em absoluto estado de graça (autor de seis golos), a equipa manfiosa chegou ao empate, e só não alcançou a vitória porque na baliza do FB estava um Aranhiço endiabrado, e que evitou por uma mão cheia de ocasiões, o derradeiro e fatal golo. Sem dúvida – e embora também o FB tenha tido a sua percentagem de oportunidades de golo, heroicamente negadas por Rodrigues – só restava uma equipa em campo com a real vontade de levar a partida de vencida. O MFC fez tudo ao seu alcance para conquistar o triunfo, e inacreditavelmente com as mesmas ferramentas técnicas e tácticas da partida antecedente. Claramente os jogadores brutenses não haviam aprendido a lição da semana anterior e voltavam infantilmente a cair nos mesmos erros: falta de ambição, falta de organização e uma total e fatal desconcentração.

O jogo terminaria com um empate que, não sendo completamente injusto, acaba por premiar o FB, que só por mero acaso conseguiu manter o resultado de 9-9 até ao final.
Em destaque evidente estiveram Carlos, responsável por sete dos nove golos da sua equipa, João, que o viria a anular por completo, Huga, o culpado da reviravolta no resultado, e Aranhiço e Rodrigues, que na recta final da contenda foram milagrosos heróis.

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