Monday, September 24, 2007

 

Mais uma semana, mais uma vergonha. O MFC continua longe dos bons velhos tempos em que celebrizou o seu mítico futebol, perdendo-se em erros, individualismo, precipitação e falta de inspiração. O FBFC, muito devido à mentalidade imposta por aranhiço e sotor nas fileiras da equipa, dos mais jovens aos mais maduros, dos mais simplistas aos mais talentosos, parece aproximar-se da perfeição exibindo um futebol sem erros e cada vez mais mortífero. Nuno Matos mais uma vez faz a crónica do jogo:


DEMADIADA SUPERIORIDADE

E o futebol está de volta ao campeonato. Ao fim de três jogos penosos e mal disputados, a qualidade que marcou a época passada regressou ao campo de todos os sonhos, e voltou a deslumbrar todos os que sairam mais cedo de casa, na expectativa de verem boas jogadas, bonitos golos e a magia de outros tempos.

Será fácil fazer esta crónica. Fácil porque foi um jogo do qual dará particular gosto falar, e fácil porque basicamente só esteve uma equipa em campo. Não se deixem enganar pelo resultado final - Mânfios 8, Força Bruta 10 -; a superioridade da equipa visitante foi esmagadora e só não foi mais expressiva pelas razões que vão poder encontrar mais abaixo.

Comecemos pela equipa visitada. O MFC alinhou com Huga, Chica, Golias, o retornado Murta, João Baggins e Barandas, e teve um início de jogo estranhamente displiscente e pouco respeitador da formação adversária. Rapidamente se colocou em posição de vencedora, ao marcar três golos muito permitidos pelo FB, mas rapidamente também se viu no que se pode muito bem considerar como um verdadeiro inferno. É que depois do 3-1 apontado por Golias, a equipa do MFC saíu totalmente do jogo. Aliás, se o FB estivesse sozinho em campo, provavelmente não conseguiria marcar tantos golos como aqueles que apontou. Foi de facto impressionante a força destruidora que se levantou em campo e que arrasou completamente com todos os esforços da equipa da casa, e consequentemente com todo o trabalho ensaiado durante a semana nos treinos. Em pouco tempo, a equipa visitante encontrava-se a vencer por nada mais, nada menos, do que 8-3, e ainda assim, continuava a jogar como se estivesse a perder o jogo. Impressionante a força de vontade, a entrega, a qualidade técnica dos jogadores do FB. Incrível a precisão dos passes em profundidade e dos centros para a área, e notável, o trabalho desempenhado na defesa por todos os seus jogadores. O público da casa chegou a temer o pior: uma goleado ao bom estilo do hóquei que, de uma vez por todas, poderia significar a primeira e súbita chicotada psicológica do campeonato.

E torna-se complicado perceber o seguinte: se foi uma equipa a jogar de tal forma mal que deu todas as hipóteses à outra de conquistar o jogo, ou se foi uma que jogou tão bem que acabou por não dar qualquer hipótese de resposta. Por mim, e depois do que vi em campo, não tenho dúvidas de que terá sido a segunda hipótese.

Mais uma vez sem o seu garda-redes de serviço, a equipa do MFC voltou a não conseguir impôr o seu futebol, com transições da defesa para o ataque plenas de rapidez e oportunismo. No último terço do terreno não havia quem comandasse as manobras defensivas, e no ataque, apesar dos três primeiros golos facilitados pelo adversário, ninguém conseguia sequer remotamente criar oportunidades de golo. Chica, depois de um início auspicioso, voltou a decair e a mostrar mais uma vez que, apesar do excelente encontro da semana anterior, ainda não se encontra ao seu melhor nível. Barandas continua demasiado calmo e amorfo. Golias ajuda na defesa com o que pode, mas é lento a partir para o ataque. Huga continua a desiludir; não consegue jogar como já nos tinha habituado, e perde demasiado tempo com questiúnculas que nada interessam para o jogo jogado. No meio de todo este caos, acabaram por ser dois jogadores a carregar com a equipa às costas. Sempre inconformados, João e Murta nunca baixaram os braços, e tentaram sempre incomodar a equipa adversária. No caso de Murta, e apesar de toda a sua boa vontade, as suas limitações técnicas fazem com que o seu inconformismo pouco ou nada traga ao jogo dos seus colegas. Ao contrário do que seria desejado, a sua vontade e garra resultam em faltas, picardias e lances disparatados. Marcou um golo, mas pouco mais fez que pudesse de facto mudar o rumo dos acontecimentos. João, por sua vez, voltou a mostrar porque foi considerado o jogador mais completo do último campeonato. Tacticamente rigoroso, disciplinado, combativo, exemplar na maneira como trata a bola no arranque para o contra ataque, e venenoso no seu potente remate de fora da área. Lutou até não poder mais, e saíu do campo debaixo de uma merecida chuva de aplausos.

Pelo FB jogaram Sô Tor, Tiago, Carlos, Aranhiço, César e Bruno. Sobre o jogo colectivo já disse tudo o que havia a dizer. Quanto ao desempenho individual de cada um, receio que, diga o que disser, ficará sempre alguma coisa para dizer. Sô Tor foi um guerreiro a meio campo e na defesa, não permitindo grandes veleidades aos seus oponentes. Teve claras culpas no primeiro golo e noutro já ao cair do pano, mas fora esses deslizes teve um desempenho intocável. Tiago, recuperado de uma lesão que o apoquentava há já duas semanas, regressou para fazer um jogo quase perfeito. Quase perfeito porque ainda não conseguíu evitar alguma precipitação em uma ou outra jogada. De resto, marcou três golos de belo efeito: um remate de primeira em trivela, uma cabeçada imparável - que já havia tentado anteriormente, tendo enviado a bola à base do poste, e novamente um remate de primeira em resposta a um pontapé de canto primorosamente apontado por Carlos, com que havia de sentenciar o jogo. Para além disso, fez uma dupla terrivel com Bruno na frente de ataque, defendeu com unhas e dentes - chegando mesmo a impedir, no último milésimo de segundo, o remate de João que daria o 9-9 à equipa da casa -, e fez passes de sonho para alguns dos golos dos seus colegas. Aranhiço poderia ser facilmente considerado como o melhor jogador em campo. Sofreu demasiados golos, é verdade, mas contra os golos sofridos pouco ou nada poderia ter feito. Se pensarmos que dos oito golos apontados pelo MFC, cinco resultaram de jogadas em que o marcador se encontrava cara-a-cara apenas com o guardião, então facilmente concluímos que mesmo um bom guarda-redes não faz milagres. No entanto, seria o mesmo Aranhiço a impedir, na recta final da partida, e por um punhado de vezes, que os jogadores do MFC conseguíssem os golos do empate e, provavelmente, da vitória. Nomeadamente em duas situações, onde defendeu dois remates de João que levavam o selo de golo. A primeira, um remate à meia volta em que deu totalmente o corpo à bola, e a segunda, num portentoso remate de longe, extremamente bem colocado e de defesa quase impossível. No estádio já se gritava golo, quando Aranhiço socou a bola para longe das suas redes. Carlos esteve mais apagado do que é costume, mas também porque se entregou ao espirito colectivo que contagiou toda a equipa. Usou a força que lhe é reconhecida para conquistar a sua posição no campo, marcou golos e deu golos a marcar. Ajudou Sô Tor na defesa sempre que lhe foi possivel, e assinou mais uma exibição sólida e bem conseguida. César, por sua vez, foi o primeiro jogador a mostrar sinais de cansaço. Marcou o primeiro golo da equipa, enviou mais uns quantos remates aos ferros da baliza adversária, e terminou a partida remetido à sua defesa, tal era o cansaço. Bruno fez, provavelmente o seu melhor jogo de sempre. É verdade que só marcou três golos, mas o futebol desenhado por este jovem jogador foi de tão elevada qualidade que mesmo se não tivesse apontado nenhum tento, a sua exibição seria totalmente mercedora de destaque. Defendeu como ninguém, no primeiro terço do campo, recuperou bolas aos seus adversários, defendeu, correru quilómetros e marcou um golo daqueles que levantam um estádio: correu pela esquerda, junto à linha, deixou dois defesas pelo caminho, e já sem ângulo, completamente encostado à cabeçeira do campo, meteu a bola por entre o guarda-redes e o primeiro poste. Excepcional! Seria o 3-3 que serviria também para acordar os seus colegas de equipa e que os motivaria a fazer um jogo a todos os níveis irrepreensível. Acabou o jogo esgotado mas completamente realizado.

Finalmente, a explicação para o que afirmei no primeiro parágrafo festa crónica: o resultado é injusto e não demonstra a esmagadora superioridade da equipa vencedora. E a razão de tão pequena diferença de golos, reside unicamente no facto da equipa do FB ter jogado practicamente uma hora como se estivesse a perder por um golo a dois minutos do fim. Jogaram por dois jogos, e esgotaram-se de tal forma, que três dos quatro golos finais do MFC foram marcados em contra ataque e somente com o guardião Aranhiço pela frente. O outro desses quatro golos, o 5-8, é outro daqueles golpes técnicos que fazem uma equipa acordar e ir atrás do prejuízo. Um remate de Barandas, descaído para a direita, a enviar a bola com potência à baliza do FB, com esta a entrar precisamente no ângulo superior mais distante. Fabuloso e indefensável!

A factura a pagar por tão incrível desempenho futebolístico poderia ter sido mais alta, e os jogadores do FB têm de aprender a gerir melhor o seu esforço e, acima de tudo, o seu futebol.

Não alinharam, Mário Rui, por opção técnica, Rodrigues, por lesão, e Chossas (desconhecem-se as razões) pelo MFC; e Joel, a recuperar de uma lesão num ombro, pelo FB.

Ao fim de três jornadas, o Força Bruta lidera o camponato com nove pontos contra zero do Mânfios. Será que no póximo embate o MFC consegue dar a volta aos acontecimentos?




E sem mais nada a dizer, despeço-me, esperando que na próxima semana as diferenças que têm marcado este campeonato se atenuem. Algo tem de ser feito. Equilibrar as equipas (não do ponto de vista de qualidade dos jogadores, que o MFC não tem nada de que se queixar nesse campo, mas ao nível da forma (mais que evidente nos ultimos jogos) que cada um atravessa ), contratar um guarda-redes para o MFC, alterar a filosofia de jogo... muitas são as opções, e alguma terá de ser tomada.

Um abraço e até para a seamana


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