Thursday, June 19, 2008

 
FOGE, FOGE BANDIDO



O leitor perdoará com certeza o uso abusivo do nome do novo projecto do Manuel Cruz para dar título a esta peça, mas a verdade é que face aos acontecimentos do jogo do último Sábado, nenhum outro teria aplicação mais acertada. A explicação já a seguir.

As equipas alinharam na sua máxima força – tendo em conta as já habituais ausências -, o que dava a entender um clássico daqueles como não acontecem todos os dias.
Pelo Força Bruta jogaram Sotor – a atravessar um excelente momento de forma -, César, Carlos, Miguel, Paulo, Ukraniano e Aranhiço, enquanto que pelo Mânfios FC apresentaram-se Chica, Huga, João, Finíssimo, Murta, Nunes, Golias e Bruno. À inferioridade numérica respondeu a formação de Sotor com três golos aparentemente fáceis e que pareciam querer contrariar a ideia inicial de uma partida equilibrada e de vencedor incerto. Mas a resposta do MFC veio célere e com eficácia acima da média. Fazendo-se valer da sua excelente condição física, os jogadores manfiosos começaram a pressionar o jogo do adversário logo à saída da sua área, não dando espaço para passes, construção de jogo ou sequer ar para os defesas poderem respirar. Sufocando o sector mais recuado dos brutenses, ganharam bolas em zonas complicadas, privilegiadas para o remate sempre fácil dos atletas do MFC. Ao mesmo tempo deram também início a um tipo de pressão que já não representa uma novidade no seu estilo de jogo, mas que assumiu, no passado fim-de-semana proporções desagradáveis e feias. Sempre que a equipa se encontra a perder, alguns dos jogadores manfiosos, nervosos e irritados pelo desenrolar dos acontecimentos, começam a pouco e pouco a fazer um jogo assente na constante discussão de (quase) todos os lances, na literal invenção de faltas que lhes concedam algum tipo de vantagem, e no uso abusivo de alguma virilidade. A verdade é que conseguem invariavelmente atingir os seus objectivos, enervando os adversários, desconcentrando-os e baralhando o seu esquema de jogo. Neste caso, o esquema do FB estava bem delineado, e apresentava-se incólume e seguro. A defesa estava impenetrável, o meio campo tranquilo e decidido e a frente de ataque – o mesmo é dizer, Carlos – imparável. Neste cenário apenas César destoava. O jogador, ainda muito distante da sua melhor forma física e táctica, continua sem saber muito bem que posição ocupar no rectângulo de jogo, e acaba muitas vezes por atrapalhar os seus colegas de equipa. Ainda assim, os brutenses controlavam o jogo a seu belo prazer, e nada fazia prever que haviam de claudicar, muito menos pela razão apresentada. O futebol dos manfiosos nunca foi vistoso ou bonito, mas sim rápido e tremendamente eficaz. Não era raro ver três e quatro jogadores em frente aos defesas brutenses. Valeu à sua equipa Aranhiço, regressado de uma paragem de duas semanas, e que em grande forma fez uma exibição de encher o olho. O resultado desta pressão foi rápido e demonstrativo da sua eficácia, já quem em cerca de vinte minutos o MFC deu a volta ao resultado e colocou-se a vencer por 5-3. Felizmente para o jogo o FB soube manter a sua táctica e dar a resposta necessária. Ao jogo menos limpo e conflituoso dos manfiosos, os brutenses responderam com jogadas também elas rápidas e construídas com sucessivos passes e desmarcações. Dessa forma conseguiram uma nova reviravolta no marcador e voltaram a ficar à frente, desta feita por 6-5. O 6-6 surgiu, como não podia deixar de ser, de uma jogada menos correcta de Huga. Na reposição de bola ao meio campo, e aproveitando-se do facto dos defesas brutenses estarem distraídos com a saída de campo de Finíssimo, o jogador correu sozinho com a bola e já em cima da área adversária desferiu um remate para o qual nenhum dos três jogadores – Paulo, Ukraniano e Aranhiço – estavam preparados. O árbitro aceitou a maldade e o resultado voltou a ser o empate.
Quando o marcador nos dizia que faltava apenas um golo para que o vencedor ficasse definido, foram os brutenses a desperdiçarem as melhores oportunidades, algumas mesmo escandalosas, diga-se. No entanto, e aproveitando uma falha de marcação, haveria de ser Nunes o carrasco do encontro, marcando o 9-8 e colocando um ponto final numa partida que foi bem jogada, equilibrada, mas que, em virtude do comportamento disciplinar de ambas as formações, não merecia de todo o desfecho que se presenciou.

A partida acabaria num clima tenso e de total contestação, quer por parte jogadores brutenses, quer por parte da sua massa associativa. E compreende-se bem o porquê. Já se sabe que estes clássicos são sempre embates de gigantes, pintados a intensidade e a agressividade, ingredientes que, quando doseados, contribuem para a beleza do espectáculo. Desta feita, contudo, as doses não foram equitativamente utilizadas, e a coisa descambou para um tipo de jogo de que nenhum verdadeiro amante do desporto-rei pode verdadeiramente apreciar.
Tal situação permite, porém, prever que o próximo jogo será ainda mais intenso e, provavelmente, mais viril, já que será principal objectivo do FB a vingança fria e cruel. Não convém é esquecer que do outro lado estarão sempre atletas de um nível físico impressionante, rápidos, possantes e bem organizados, e sempre dispostos a tudo para impedir o adversário de fazer o jogo que ensaia durante uma semana de treinos.

Destacaram-se pelos brutenses, Sotor, que depois de um começo de partida algo tímido, arrancou para mais uma exibição de sacrifício, lutando com todas as suas forças contra os abancados manfiosos, nunca se esquecendo de uma ou outra investida ao ataque pela lateral esquerda; Aranhiço foi, provavelmente, o melhor jogador brutense, opondo-se de forma brilhante a inúmeros lances de golo certo.

Pelos manfiosos, Murta foi um defesa inultrapassável, duro, mas sem cair em exageros, e que se encarregou, a dada altura, de secar Carlos, mantendo-o por longos minutos bem afastado da sua área; Golias trabalhou muito no meio campo, sendo o primeiro defesa do MFC. Quando foi preciso subiu até à área adversária, marcou golos e foi importantíssimo para a recuperação manfiosa.

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