Tuesday, July 08, 2008

 
CAMPEÕES?


Esta será porventura a crónica mais simples e rápida de escrever da história profissional deste vosso escriba. No jogo de sábado passado a equipa do Mânfios FC foi demasiado forte e a do Força Bruta demasiado fraca. E as coisas são assim mesmo, simples e facilmente explicáveis.
As equipas alinharam com Sotor, Carlos, César, Aranhiço, George, Paulo, Bruno e Huga pelo FB e Chica, Murta, Golias, Chossas, Finíssimo, Nunes, João, Simão e a supresa Miguel, alinhando pelo seu eterno rival e logo à frente da sua baliza. A vantagem numérica – embora de apenas um elemento – foi substancial e fez toda a diferença, especialmente se tivermos em conta a táctica adoptada pelo MFC e com que deu um autêntico banho de futebol ao seu rival de sempre.

O dia 5 de Julho de 2008 ficará para sempre recordado pelo jogo em que a diferença entre os dois maiores clubes do campeonato foi monstruosa. Nunca como até então uma equipa se tinha superiorizado de tal forma. De tal forma que o MFC podia perfeitamente acabar com o jogo na primeira meia hora, se tanto tempo fosse realmente necessário. Não o fazerem foi responsabilidade de dois jogadores: Aranhiço que fez o impossível para tentar parar a avalanche violenta de futebol manfioso, e Simão, que ironicamente era o ponta de lança do Mânfios, mas que se entreteve, nessa fase do jogo, a arruinar um sem número de jogadas de golo certo. O jovem avançado acabou o jogo em posição de destaque, em virtude dos quatro golos apontados. No entanto, deve ter sido severo o puxão de orelhas que levou do seu treinador no balneário, já que o seu egoísmo e a sua fome de golo fizeram com que se perdessem jogadas de ataque com quatro e cinco elementos frente a frente com George e Aranhiço. A superioridade manfiosa era de facto avassaladora e era triste ver uma equipa da qualidade do FB perfeitamente perdida em campo, ridicularizando-se e dando mostras de fragilidades que os próprios jogadores não sabiam existir. Na primeira meia hora fizeram um tímido remate à baliza de Migue, e isso foi o sintoma principal da doença inflingida por uma demasiado dominadora equipa manfiosa.

Bastaram sete minutos para o público ver os três primeiros golos. Golos fáceis e que resultaram – como os três que se lhes seguiram – de perdas de bola ainda antes da linha do meio campo. O FB estava completamente partido em dois; desesperados pela paupérrima exibição e pela titânica exibição dos manfiosos, os jogadores brutenses, isentos de qualquer capacidade de discernir o que era necessário para rapidamente regressarem ao jogo, decidiram-se pelo caminho mais curto e mais perigoso, ou seja, avançarem loucamente e em bloco para a frente de ataque, sem qualquer táctica, fio condutor ou organização de qualquer espécie. O caos foi ainda maior, já que subitamente as dificuldades dos únicos dois jogadores na defesa brutense ficavam irremediavelmente sós perante uma avalanche de cinco atacantes adversários. Porque se eram cinco os defesas manfiosos – Murta, Chica, Golias, Chossas e Nunes -, a verdade é que muito rapidamente dois e às vezes três destes elementos avançavam no terreno para apoiar um ataque já de si devastador. Novamente, nunca se tinha visto uma tão gritante diferença entre duas equipas, e a ameaça de que pela primeira vez na história do campeonato uma equipa terminasse uma partida sem qualquer golo marcado, não foi uma hipótese assim tão distante quanto isso.

Foi humilhante o desempenho do FB, que só conseguiu equilibrar o rumo dos acontecimentos – sem contudo o conseguir alterar – quando o MFC decidiu que já era hora de acalmar e de poupar energias. Não era de facto necessário um esforço sequer razoável para levar de vencida uma equipa amorfa, lenta, sem ideias e, acima de tudo, absolutamente descontrolada. Carlos não podia fazer o seu habitual trabalho, marcado que estava por três defesas adversários; César regressou à convocatória para mais um jogo… à César, isto é, atabalhoado, descompensado e sem nexo; Paulo, desmotivado, desistiu quase que por completo das suas tarefas defensivas e perdeu-se na frente de ataque; Bruno tentou como pôde lutar contra a defesa manfiosa, mas o seu esforço era inglório, já que não tinha qualquer tipo de apoio por parte dos seus colegas; Sotor foi uma desilusão, já que depois de dois jogos maravilhosos, voltou a cair nos mesmos erros do costume. É no meio campo que o veterano capitão melhor
sabe jogar e era precisamente no meio campo que a sua equipa demonstrava as maiores dificuldades. Dificuldades na construção do jogo, perante um meio campo manfioso sobrelotado de defesas, e dificuldades no bloquear de jogadas atacantes, que choviam verdadeiramente sobre a baliza de Aranhiço; George e Aranhiço não conseguiam fazer mais. A rapidez e violência com que os avançados manfiosos chegavam à área do FB, e a quantidade absurda de remates à baliza, e isto apenas em vinte minutos, esgotaram os dois atletas. Desanimaram-nos, enfraqueceram-nos e retiraram-lhe todas as hipóteses de combater os manfiosos de igual para igual.

Na equipa do Mânfios ninguém se destacou realmente. Todos jogaram maravilhosamente bem, como um todo, entendendo na perfeição o que se estava a passar, mantendo a energia explosiva com que começaram a partida mesmo até ao seu desfecho e exibindo uma alegria e uma vontade de jogar que nem sempre são visíveis neste campeonato. Em suma, não deram quaisquer hipóteses aos seus rivais de sempre, e ainda tiveram tempo para encontrar um estilo de jogo que pode muito bem levá-los à conquista do campeonato, e que se baseia num princípio terrivelmente eficaz: meter um autocarro de defesas em frente à baliza e usar da velocidade e potência dos seus jovens jogadores para rapidamente se chegarem à baliza adversária. Simples e letal.

Teme-se pela capacidade de resposta do FB principalmente porque não vai poder contar com Aranhiço na próxima contenda. O guarda-redes mesmo quando não está em dia sim é a única garantia que a sua equipa tem de não levar mais uma goleada, e tem sido, sem dúvida, o seu melhor elemento. Será essa a razão pela qual o jogador não vai fazer parte da convocatória do próximo sábado? Será que esta derrota teve consequências ao nível do balneário do FB? O empresário de Aranhiço já emitiu um comunicado desmentindo as teorias que dizem que o guardião estaria descontente no Força Bruta e que estaria a ponderar uma transferência, possivelmente para o estrangeiro. Segundo Joaquim Tontinho, “o Aranhiço é feliz na sua equipa de sempre e não existem quaisquer problemas com o departamento técnico, com o treinador, colegas de equipa ou com a presidência do clube. São motivos de ordem pessoal que o impedem de alinhar no próximo fim-de-semana, e nada mais!”.
Assim sendo, resta-nos aguardar pelo próximo jogo e tentar entender se de facto esta pesada e histórica derrota deixou cicatrizes no grupo brutense.

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