Tuesday, September 18, 2007

 

Caros Amigos

Mais um jogo que passou; mais um passo que foi dado rumo ao regresso do bom futebol às areias do Estádio Vereador Fontemanha. Nuno Mateus (o Aranhiço, não o Mateus de raça indesejavel que escandalizou o futebol portugues em épocas recentes) contribui novamente para a grande instituição que é a Mânfios Futebol Clube - Futebol/SAD não só com uma excelente exibição mas também com um relato exacto do que se passou em campo:



À SEGUNDA NÃO FOI DE VEZ…

… Porque ao segundo jogo da época, o futebol ainda não chegou à Catedral de Miramar.

O início de temporada faz-se sentir ainda nas pernas dos jogadores, e as partidas tornam-se confusas e jogadas aos trambolhões, e o embate do último Sábado não foi excepção. Faltou-lhe ordem e disciplina, e os jogadores davam a ideia de nunca terem jogado juntos na vida. Com tanta confusão, o jogo tinha obrigatoriamente de perder emoção e interesse, ingredientes que fizeram da época transacta uma das mais espectaculares de sempre.

Seja como for, o jogo aconteceu mesmo, e teve alguns bons momentos, mas que não foram nunca suficientes para nos salvar de um enorme e nem por isso gostoso bocejo.

A equipa do Mânfios alinhou com Chica, Huga, Sô Tor, Golias, Paulo “O Muro…”, Manuel e Bruno; no Força Bruta jogaram, Aranhiço, Joel, João Baggins, Mário Rui, Bailarina, Filipe e Barandas. O MFC começava, aparentemente, em desvantagem, já que não podia contar com Rodrigues na baliza – ou Chossas, no ataque. Obrigados, por isso mesmo, a uma maior rotatividade dos seus jogadores – nenhum deles, talhado para a defesa das suas redes – podiam ter claudicado facilmente perante uma equipa adversária que contava, nas suas hostes, com nada mais, nada menos, do que quatro jogadores totalmente ofensivos – Joel, João, Barandas e Bailarina. O que acabou por nunca acontecer. O MFC soube-se organizar em torno da sua (aparente) desvantagem e espalhou os seus jogadores por todas as zonas do campo de forma disciplinada, permitindo poucas jogadas de golo ao FB. Também é verdade que, durante uma boa parte do jogo, mostraram-se incapazes eles próprios sequer de rematar à baliza defendida por Aranhiço, mas tal situação foi provocada pela tal desvantagem que é «gastar» um jogador, usando-o como guarda redes, e da obrigatória reviravolta que uma manobra dessas implica no jogo de uma equipa. Mesmo assim, mostraram-se um colectivo organizado, esforçado e com vontade de lutar sempre pelo resultado.

Individualmente, e precisamente porque o jogo do MFC resultou de um tremendo trabalho de equipa, torna-se difícil destacar um jogador. No entanto, é impossível não mencionar dois nomes do MFC, pelas boas e pelas más razões. Huga, porque teve um mau início de campeonato, passando quase despercebido na maioria do tempo de jogo. Foi incapaz de desenvolver o seu típico jogo cerebral e paciente, incapaz de desenhar as habituais jogadas a partir da defesa, e esteve longe das decisões importantes da sua equipa. Defendeu e atacou, preenchendo quase todas as posições existentes no campo, mas a verdade é que, na prática, pouco adiantou ao jogo colectivo do MFC. Chica, por seu lado, esteve muito perto do seu melhor. Afastado das boas exibições há já demasiado tempo, o jovem jogador sacudiu a crise no jogo do fim-de-semana passado. Voltou a ser o patrão de todo o primeiro terço do campo, controlando a defesa e o arranque para o ataque. Todas as jogadas iniciadas na área do MFC, partiram dos seus pés, e embora não tenha ainda conseguido marcar um golo, a verdade é que soube sempre integrar-se nas manobras ofensivas da sua equipa, contribuindo, por uma ou outra vez, para a criação de jogadas de perigo junto à baliza adversária. Chica está de volta, e isso pode significar sérios problemas para todos os que defrontarem a formação de Vila Nova de Gaia.

Do outro lado do campo estava a prova mais do que indubitável de que há certas coisas que não se devem misturar. Neste caso, há certos jogadores que não devem jogar juntos, sob o risco dessa mistura nunca dar resultados. À partida, seria impensável sequer imaginar que tantos jogadores talentosos não seriam capazes de saber encaixar num esquema comum; de fazerem com que o seu talento individual servisse um objectivo comum, abnegadamente, sem sobranceria, com humildade e vontade de trabalhar. A equipa do FB, foi uma equipa preguiçosa desde o apito inicial. Não trabalhou, nem quis trabalhar; não correu, desenhou jogadas à lei do chuto para a frente, sem lógica e sem qualquer tipo de esclarecimento. Dos cinco golos que marcou, só um foi resultado de uma bonita jogada colectiva, com o esférico a passar por quase todos os jogadores, e quase sempre ao primeiro toque. De resto, foi mesmo a mais valia técnica de cada um dos jogadores a fazer a diferença, encaixada perfeitamente nas dificuldades sentidas pelo MFC, provocadas pela falta de alguns jogadores.

João, um dos jogadores mais constantes da época passada, acusou nitidamente as férias de Verão; Bailarina foi perfeitamente inofensivo e inócuo, não merecendo sequer o golo apontado – um simples empurrar da bola em cima da linha de golo -; Barandas foi um dos mais inconformados, mas escolheu mal o jogo para abdicar da sua já famosa fome de bola, e para se tornar um jogador mais generoso; Joel apontou dois golos bem ao seu estilo – remates secos e tensos ao poste mais distante – mas esteve a anos-luz do desempenho conseguido no primeiro jogo da época. Já sabíamos que era capaz do melhor e do pior, mas nunca desta forma e num tão curto espaço de tempo; Mário Rui foi a nulidade em pessoa. É impossível descrever o que o jogador significou para o futebol do FB de um modo mais agradável. Não atacou, muito menos defendeu – Chica fez o que quis dele -, e acabou literalmente por se retirar do jogo, proferindo aquelas que são já consideradas as mais inacreditáveis palavras proferidas por um jogador de futebol durante uma partida, desde que Viktor Balenciaga disse “dói-me um quilhão”, na final da taça de 1963: “Não me passem a bola que eu perco-a”. Por tudo isto, parece-me justo destacar pela positiva o sector defensivo do FB. Filipe esteve impecável como único central e muitas vezes como o único elemento entre o ataque do MFC e o seu guarda-redes, Aranhiço. Consciente das suas limitações técnicas, Filipe entrega-se à arte de bem defender de corpo e alma; tem uma capacidade física superior aos seus adversários, e isso permite-lhe antecipar jogadas, vencer no corpo a corpo e despachar a bola para a frente, se achar necessário. Pode não contribuir para os golos do colectivo, mas a acreditarmos na velha máxima que diz que a vitória se conquista na defesa, então facilmente percebemos porque foi Filipe o elemento mais em destaque na sua equipa. De tal forma que a sua saída precipitada criou problemas ao FB, que acabou o jogo encostado à sua área. O guardião Aranhiço, teve um desempenho com alguns altos e baixos, mas acabou por ser, também ele, um dos responsáveis pela manutenção da vantagem adquirida e, consecutivamente, pela conquista dos três pontos. Sofreu um primeiro golo - nascido de um forte e muito consentido remate de Manuel - em que ainda conseguiu tocar na bola, mas não de forma a impedir que ela beijasse as malhas da sua baliza; o segundo, o golo do empate, num lance infeliz, traído pelo ressalto da bola na canela de Joel, mas em que podia e devia ter feito melhor - um jogador com o seu estatuto já não se pode desculpar com desvios traiçoeiros, e lances inesperados. Mas a partir daqui, e talvez motivado pela noção do seu erro, Aranhiço maravilhou mais uma vez o público com meia dúzia de lances plenos de segurança e decisivos para o resultado final, a provar mais uma vez que foi merecido o troféu MILUPA para o melhor guarda-redes da última temporada. Fez um defesa de recurso, a pés, a um remate frontal de Sô Tor, teve duas saídas decididas aos pés de Bruno, anulando outras tantas jogadas que levariam o perigo à baliza do FB, defendeu com segurança uma tentativa venenosa de Huga de meter a bola no buraco da agulha, efectuou novamente uma defesa de recurso, desviando por cima da barra mais um potente remate de Manuel, e deu início àquela que foi a jogada mais bonita do encontro: percebendo a movimentação dos seus colegas de equipa, durante a marcação de um pontapé de canto favorável ao MFC, Aranhiço saiu a punhos à bola, enviando-a bem para a frente de ataque, isolando Barandas e Joel, que foram incapazes de dar ao lance o fim que este merecia, o golo. Notável, o golpe de vista do guardião, e notável também a capacidade que teve de reagir aos dois primeiros golos sofridos, nos quais não esteve totalmente ausente de culpas. Viria ainda a fazer tremer a bancada de apoio ao FB quando, num lance estranho, um remate muito bombeado de Sô Tor, foi incapaz de agarrar a bola, e esta, num ressalto inesperado, passou rente ao travessão da sua baliza. Convém no entanto referir que, nesta mesma jogada, Aranhiço sofreu falta de Paulo, e por isso mesmo não terá conseguido segurar o aparentemente fácil remate. O árbitro nada marcou, mas a verdade é que, a entrada do potente defesa do MFC foi efectuada à margem das leis, de tal forma que o guarda-redes acabou mesmo por se ressentir da forte pancada que sofreu na coxa direita, sendo por isso incerta a sua participação no jogo do próximo sábado.

Em suma, foi um encontro jogado de forma desigual, e em que o resultado ficou marcado, não pela supremacia da equipa vencedora, mas sim porque os seus valores individuais se impuseram em determinados momentos do jogo. Não foi um jogo propriamente bonito, ou sequer bem jogado, mas acabou por ser emotivo, em virtude das várias oportunidades de golo perdidas, e onde, a espaços, se pode vislumbrar a qualidade que marcou a temporada passada destas duas formações. Continuam a faltar alguns jogadores importantes em ambas as equipas – Carlos, Chossas, César e Rodrigues, só para mencionar alguns -, o que não contribui para a estabilidade do futebol jogado, nem para o espectáculo que jogos destes costumam representar.

Resultado final: Força Bruta, 5 – Mânfios FC, 3

Ao fim de duas jornadas, a classificação é a seguinte:

FORÇA BRUTA

6

MÂNFIOS FC

0


Nuno "to"Matos




E assim me despeço, pois as minhas humildes palavras, quaisquer que elas sejam, serão sempre ensombradas pela argúcia do colosso do jornalismo que é Aranhiço.

É justo deixar umas palavras de parabéns a todos aqueles que aproveitam este final de verão para dar um passo em frente na sua vida. Nomeadamente gémeos, cuja entrada no mundo do espectáculo só surpreenderá o mais incauto desconhecedor das suas qualidades na arte da representação e do felácio e Aranhiço, que pelo seu desempenho brilhante no relato dos encontros MFC-FBFC foi contratado pela faculdade de letras universidade do porto (graças a uma virgula colocada erradamente no seu contrato, que evitou a sua blindagem quanto a assédios e permitiu a rescisão unilateral do mesmo).

Cumprimentos e até para a semana

This page is powered by Blogger. Isn't yours?