Monday, January 07, 2008

 
E os ventos do ano novo trazem as boas novas do regresso do espectáculo do futebol do MFC, com consequente ascensão desta magnifica equipa à liderança da tabela. É Nuno Matos quem nos trás mais uma magnifica crónica


ANO NOVO, LIDER NOVO Desculpe-me o leitor mais assíduo a apropriação abusiva de um lugar comum gasto e desbotado, mas verdade é que 2008 trouxe consigo um novo e indiscutível líder do campeonato. O Mânfios FC é presentemente a melhor equipa de todas as que disputam a luta pelo título, e provou-o de forma categórica no jogo do último Sábado.“Sem espinhas”, como diria o povo. Com a chegada do novo ano, teve início também a habitual série de jogos em recinto coberto, no complexo desportivo Marechal Palhares. E há sempre opiniões divergentes no que a esta mudança diz respeito. Se por um lado há quem aprecie o espectáculo só conseguido num normal campo de oito intervenientes, por outro, há todo um grupo de fãs da velocidade e da energia electrizante que destila de uma partida com cinco homens para cada lado. E com razão. As partidas de formato, chamemos-lhes assim, reduzido, são quase sempre pródigas em golos, em situações de forte emoção, e podem mesmo levar os mais plácidos espectadores a uma crise nervosa, tal a intensidade com que o jogo é disputado. E este não foi excepção. Vamos à crónica. Aos 4 minutos venciam o do Força Bruta por 2-0. Aos sete minutos, 2-2. Aos doze minutos, novamente vantagem dos da casa por 6-2, para, depois de um curto período sem golos, se registar novamente um empate a seis tentos. E esta podia muito bem ser a história desta partida. O FB começou o jogo de forma rápida e destemida, impondo um bonito jogo de ataque, desenhado por Bruno e Carlos, e com João fazendo as honras da defesa, não permitindo que os atacantes do MFC pudessem expor as suas armas. Os dois golos de arranque foram conseguidos com alguma facilidade, da mesma forma que os golos de empate dos visitantes. No primeiro, Bruno acabou por fazer auto golo, tocando de forma infantil e em cima da linha da baliza, uma bola enviada directamente da marcação de um lançamento pela lateral – como é sabido, um lance destes nunca é considerado golo, sendo o esférico reposto em jogo pelo guarda-redes contrário. O segundo golo, o do empate, nasceu de um desentendimento estranho entre Aranhiço e Bruno (novamente), quando este último virou as costas à bola no preciso momento em que o guardião a passava. «Nunes», atento, antecipou-se ao jovem avançado e sozinho perante Aranhiço não perdoou e apontou o seu primeiro golo. Em seguida, e resultado de um jogo incrível de João – de longe o melhor em campo –, a equipa da casa voltou a jogar como tinha começado a partida e marcou quatro golos tão fáceis e tão simples que a ameaça da goleada chegou a pairar no Marechal Palhares. Só que as coisas não são sempre assim tão fáceis, e em virtude de erros defensivos imperdoáveis – e que se viriam a repetir ao longo de todo o encontro – a formação Manfiosa marcou também ela quatro golos sem resposta, obtendo novo empate. O jogo renascia de interesse, e as jogadas de bom futebol sucediam-se, quase sempre com perigo para as duas balizas. Mas a balança estava já desequilibrada. Por um lado, nos brutenses começavam-se a notar os erros mais recentes e que fizeram com que a equipa perdesse a confortável vantagem que mantinha para os seus rivais mais directos. O ataque começava a dar mostras graves de perda de criatividade e de alguma preguiça no momento de decidir entre um passe perigoso e um remate descabido – foram demasiadas e incompreensíveis as tentativas de ultrapassar o guarda-redes recorrendo ao «chapéu» -, e a defesa voltava novamente a ser o sector mais fraco da equipa. Com a opção algo discutível de deixar Paulo e Ukraniano de fora, e impedida de contar com as presenças de Joel e Tiago, a equipa do FB expunha a sua debilidade defensiva e permitia aos bem preparados jogadores do MFC todo o tipo de veleidades atacantes. De todo o lado começavam a surgir potentes e venenosos remates, e com a mesma facilidade, várias eram as situações em que Aranhiço se deparava perante um ou mais adversários isolados. Apesar disso, a verdade é que o FB conseguiu, durante algum tempo, andar colado ao seu rival, e foram largos minutos em que as equipas se mantiveram empatadas, ora desempatando uma, ora desempatando outra. Pese embora o equilíbrio aparente, a verdade é que mesmo assim a supremacia do MFC fazia-se notar e de que maneira, não tendo sido por isso surpresa o momento em que, quando o marcador acusava mais um empate a oito golos, os manfiosos se destacaram finalmente dos seus adversários e arrancaram decisivamente para um resultado que só não foi mais expressivo por causa dos esforços de João e Aranhiço. Os jovens e potentes atletas manfiosos não tinham obstáculos à sua rapidez e à boa troca de bola que vinham executando. Carlos não defendia – como é seu apanágio -, Bruno esforçava-se por cortar os lances a meio campo mas nem sempre com sucesso, e João era invariavelmente o último defesa da equipa brutense, fazendo por vezes o que parecia impossível: cortar a bola mesmo nos momentos decisivos. Sotor mostrou mais uma vez não estar, de momento, à altura das suas reais capacidades e foi demasiado permeável. Foi quase sempre pelo seu lado que o MFC criou perigo, e grande parte dos golos sofridos por Aranhiço foram apontados por jogadores que na circunstância deveriam estar a ser marcados pelo capitão brutense. Visivelmente distraído, Sotor prejudicou defensivamente a sua equipa, e mesmo quando optou inteligentemente por subir no terreno de jogo, e tentar a sua sorte em zonas mais próximas da grande área adversária, não conseguiu muito mais do que um golo e uma série incrível de remates que tinham tudo para se transformarem em outros tantos golos. Sotor está em clara perda de rendimento, e uma possível lesão mal curada poderá estar por trás de uma série recente de más exibições. A dada altura o veterano teve de sair de campo para receber assistência, o que poderá significar que algo não está totalmente bem com o jogador que desde sempre impressionou pela sua capacidade física. Mesmo assim, é de relevar o facto de ter regressado aos golos, e logo num lance pleno de beleza e de oportunidade – uma finalização de cabeça imaculada, respondendo da melhor forma a um excelente centro de Carlos.Assim sendo, e com tamanhas dificuldades defensivas, nada mais restava a Aranhiço do que ser um alvo em movimento. Bombardeado sem clemência por Chica, Huga, Chossas, Golias e «Nunes», o guarda-redes fez o que podia para atrasar o inevitável. Cometeu alguns erros, é verdade, mas face um tamanho manancial de remates, de todas as formas e feitios, e vindos de todas as direcções, nada mais se lhe podia exigir. Terminou o encontro visivelmente irritado com a incapacidade dos seus colegas, nomeadamente com a falta de discernimento no momento de aliviar a bola, retirando-a por completo da zona de golo, e com as clamorosas falhas de marcação. Não é dele a responsabilidade pelo resultado final. Ainda por cima quando do lado contrário estava um conjunto de jogadores que, de uma forma ou de outra, fizeram um jogo de altíssimo nível. Huga foi o jogador de outros tempos. Regressou com categoria às grandes exibições, revolucionando por completo o futebol manfioso. Inventou fintas, distribuiu jogo, isolou companheiros, fez centros, cantos, livres, golos e defendeu quando era preciso. Um luxo. «Nunes» voltou a ter um mau começo, mas cedo percebeu como devia e podia jogar, e começou a ser determinante na transição da sua equipa para frente de ataque. Golias foi o habitual perigo constante, nomeadamente perfurando a defesa contrária pelo centro da área e Chica, mais recuado, foi o segurança defensiva da baliza manfiosa. Usou da costumeira discplina táctica para impedir que Carlos e Bruno fossem mais atrevidos, nunca deixando de espreitar uma ou outra furtiva subida no terreno, criando, sempre que o fez, enormes dificuldades a Sotor e a Bruno. Chossas terá sido talvez o manfioso mais apagado. Correu quilómetros, como já lhe é habitual, e lutou sempre muito pela posse da bola, mas continua um pouco afastado da sua forma natural, facto que o impede ainda de contribuir com golos para a sua equipa. Mesmo assim, marcou otent mais bonito do encontro, e serviu sempre como foco de motivação para os seus colegas. Conclusão simples: é preferível ter Chossas em baixo de forma do que não o ter de todo. Uma última palavra para João. Como já foi referido foi sem dúvida alguma o melhor elemento em campo; usou, sempre com perigo, do seu fatal remate, lutou com todos os jogadores do MFC pela posse da bola, isolou por inúmeras vezes Carlos, que nem sempre soube o que fazer com tamanhas dádivas, e deu literalmente o corpo ao jogo, servindo muitas vezes – demasiadas vezes – de escudo humano, face aos tiros violentos de Chica e companhia. João fez uma exibição de encher o olho, mas que não chegou para fazer esquecer o dilúvio de erros dos seus colegas e inverter o rumo dos acontecimentos. Assim sendo, um resultado final de 18-13 que mesmo assim não chega para demonstrar a monstruosa superioridade que a dada altura o MFC conseguiu atingir, e que coloca a jovem equipa isolada no primeiro lugar da classificação. A somar a isso, o facto de que conseguiu também anular a diferença de golos marcados e sofridos que o FB mantinha. Tudo corre bem, para os lados do MFC, e começa a ser preocupante a falta de soluções de que manifestamente sofrem os jogadores brutenses. Parece óbvia, uma forte e corajosa mudança no seu esquema de jogo, da mesma forma que começa a ser urgente, uma mexida táctica no modo como os jogadores ocupam o campo. Essa mudança poderá passar pela adaptação de alguns jogadores a outras posições que não as que vêm ocupando, criando novas rotinas de jogo e renovadas coreografias para que o ataque se possa tornar mais perigoso. Assim, definitivamente não funciona, e o FB arrisca-se a ficar a olhar o seu adversário enquanto este se distancia de forma irremediável.


Que este novo ano continue auspicioso e proveitoso, com tudo de bom

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