Saturday, November 10, 2007

 
Caros amigos, estamos de volta após um longo período de inactividade deste blog. A ausência de posts deveu-se à indisponibilidade temporária do nosso nerd de serviço, Mario, que sofre do sindroma da tesão sufocante (quando um estímulo é grande demais para o tamanho do mastro, os restantes musculos do corpo agem como um pénis, ficando também erectos, comprometendo algumas funções vitais), despoletado pelo bicep do ribeirão às terças e sextas à tarde e pela morcela de Jú aos sábados à noite. A solução encontrada foi pagar umas putas a Mário, já que o síndroma é contrariado quando o cérebro do paciente processa a expressão "não, não gosto disso..."

Aqui estamos de volta e, como de costume, Nuno Matos, O aranhiço, oferece-nos a crónica de dois encontros nos quais, mais uma vez, desempenhou um papel preponderante vestindo a pele de guardião do templo sagrado que é a baliza do FBFC.

20/10/07

COITO INTERROMPIDO

A brejeirice assumida do título desta crónica, foi a única forma encontrada pelo escriba para descrever a sensação de desilusão que envolveu a partida do último sábado entre os rivais de sempre, Mânfios FC e Força Bruta FC.

Num dos encontros mais bem disputados da presente temporada, e em que o equilíbrio foi a nota dominante, haveria de ser o infortúnio, e os fantasmas de incidentes ocorridos com atletas no rectângulo do jogo, a ditar o fim abrupto e antecipado de uma partida que prometia um desfecho dramático e emocionante.

Com o resultado em 9 – 9, Huga viria a sofrer uma lesão que assustou tudo e todos no estádio, e chegou mesmo a fazer temer o pior. O lance – uma forte cotovelada de Barandas no peito de Huga - foi violento, mas ninguém esperaria, passados alguns minutos, ver o jogador caído no chão, queixando-se de fortes dores no coração. Felizmente tudo não passou de um susto, e à hora que esta crónica é escrita, o jogador encontra-se já em casa e livre de qualquer perigo.

Até ao infeliz lance tudo tinha sido o espectáculo e a magia do futebol. Os jogadores do MFC entraram em campo determinados, de uma vez por todas, a contrariar a tendência vencedora do FB, enquanto estes, motivados por jogarem perante o seu público, estavam tranquilos mas sem nenhuma espécie de comodismo. A batalha prometia ser feroz, e o nível de intensidade já se fazia sentir no estádio ainda antes do apito inicial do árbitro, Júlio Leitinho.

Ambas as formações apresentavam baixas de peso, facto que tem sido regra neste arranque do campeonato. Pelo lado do FB, os gémeos voltaram a apresentar dificuldades físicas, e continuam a não fazer parte dos planos do seu treinador. No MFC, a surpresa foi mesmo a falta de comparência de Chica. O jogador está ser alvo de um processo disciplinar por parte da direcção do seu clube, motivado por notícias que vieram a lume e que davam como certa a presença do atleta numa festa num bar da invicta até altas horas da madrugada – testemunhas afirmam mesmo terem visto o jogador a sair do dito bar visivelmente alcoolizado –, e tudo isto precisamente na véspera do jogo com o FB. Em resultado desse processo disciplinar, Chica não seguiu sequer viagem com a equipa, e não se sabe ao certo se poderá jogar já no próximo fim-de-semana. É pena, o jogador começava agora a apresentar os mesmos índices que fizeram dele um dos nomes maiores do campeonato do ano passado.

Quanto ao jogo propriamente dito, começou rápido e logo com situações de golo para ambos os lados. No entanto, e apesar da boa atitude do MFC, haveria de ser o FB – cada vez mais sólido e organizado – a assumir a dianteira do marcador, colocando o resultado nuns expressivos e rápidos 5-2 com que se chegaria ao intervalo. Alinhando pela equipa visitada, Sotor, Carlos, João «Senhor dos Anéis», Rodrigues e Barandas, cedo deram mostras do grande entrosamento de que gozam. As jogadas surgem desenhadas com aparente facilidade, e a transição defesa-ataque é rápida e fluida. Jogadores como Carlos e João, donos de bom remate, e fortes na construção de jogadas de ataque, usam bem desta fluidez e facilmente surgem perante o guarda-redes adversário em boa posição para fazer golo. E foi desta forma que facilmente se colocaram em posição destacada no jogo de sábado. Auxiliados pela manha e segurança defensiva de Sotor, e pelas boas jogadas de Barandas, ora no flanco direito, ora no esquerdo, os jogadores do FB convenceram todos os que assistiam ao jogo de que não iriam ver mais do que uma repetição dos últimos encontros.

No entanto, não era uma equipa qualquer, aquela que estava do outro lado do campo. O MFC, convencido de que poderia surpreender o seu adversário, e logo no seu reduto, jogava com Aranhiço, Bruno, Huga, Murta e Golias, e jogava bem. Contornando desde o início da partida problemas que têm influenciado as exibições e os resultados deste principio de época – alguma precipitação por parte dos jogadores, fraca disciplina táctica e uma deficiente finalização -, o MFC mostrou-se destemido e organizado, conseguindo efectivamente colocar em práctica as jogadas ensaiadas toda a semana. Ameaçaram várias vezes o golo, nomeadamente em remates de fora da área, mas a sorte – diga-se com justiça – não estava do lado dos jogadores. De resto, nada há a assinalar individualmente aos atletas do MFC durante toda a primeira parte. Jogaram bem e com a nítida vontade de vencer o jogo. Suaram e correram sempre atrás do resultado, e deslumbraram com a beleza do seu futebol. Esbarraram, porém, na falta de alguma sorte e na eficácia fria da equipa anfitriã.

O intervalo, contudo, viria para mudar essa tendência. E a segunda parte do jogo começou logo com o sexto golo do FB, afundando ainda mais as expectativas do público de poder assistir a uma reacção do MFC. Mas tal sentimento seria sol de pouca dura, já que ao que o público presente no estádio haveria de assistir, era a uma fantástica reacção dos visitantes, que num ápice, colocaram o resultado nuns expressivos 9 – 6. Motivada por exibições inspiradíssimas de Murta e Huga, no ataque – bem apoiados por Bruno -, e de Aranhiço e Golias na defesa, a equipa do MFC passou a dominar totalmente o jogo, não dando, durante largos minutos, quaisquer hipóteses ao adversário de ripostar. Num lance brilhante de futebol, Huga fintou toda a equipa do FB, apenas falhando o passe de morte para Golias, mesmo frente a frente com Rodrigues. Não satisfeito, repetiu a jogada, culminada desta feita com um potente e indefensável remate. Minutos depois, seria Murta a imitar o colega de equipa, um lance que o jogador não esquecerá tão cedo, já que não é habitualmente um atleta dotado de grandes ferramentas técnicas. Atrasou a bola para Aranhiço que imediatamente a devolveu a Murta que arrancou decidido com a bola nos pés, fintou toda a gente naquele campo e disparou uma bala perfeitamente brutal, impossível de ser parada. Metade do estádio saltou em euforia, enquanto a outra metade ficava calada, espantada com o que estava a ver.

Mas apesar da reacção dominante do MFC, ainda havia um trunfo na manga do FB, que voltou a pegar no jogo e a recuperar no marcador, encostando-se ao adversário e empatando a partida a 9 golos. Quando toda a gente salivava por um fim de partida perfeitamente impróprio para cardíacos, eis quando é precisamente o coração de um jogador a colocar um súbito ponto final na festa do futebol. Felizmente não foi tão grave quanto se chegou a equacionar, mas serviu para assustar e para fazer pensar nas jogadas mais viris e nas consequências que podem trazer à vida de um atleta.

Em jeito de conclusão, pode-se afirmar sem quaisquer dúvidas que o jogo do passado sábado foi, provavelmente o melhor da presente temporada. O mais emotivo, o mais bem disputado e o mais equilibrado. Viram-se jogadas bonitas, golos bonitos e, acima de tudo, uma atitude competitiva louvável. Espera-se que agora sim, seja finalmente o arranque em grande de mais uma brilhante época futebolística que tardava em surgir.

Pontos fortes do jogo:

A férrea disciplina táctica do Força Bruta;

Huga, no seu primeiro grande jogo do ano;

A reviravolta impossível no resultado por parte do Mânfios;

A atitude de ambas as equipas;

Pontos fracos do jogo:

O monumental frango de Rodrigues na primeira parte;

Uma ou outra escaramuça entre João e Huga;

O lance da lesão de Huga.








27/10/07

SOB O SIGNO DO ARANHIÇO

Ninguém estaria à espera de uma coisa assim. Apesar da sua reconhecida qualidade; mesmo sabendo-se do que é capaz; não obstante tudo o que já provou em campo, nomeadamente no decorrer da última temporada, ninguém esperaria que uma exibição sua ditasse o resultado final do jogo do último Sábado. Como nunca ninguém está à espera que, de entre tantos e tão sólidos «actores» futebolísticos, um só intérprete seja figura maior de um embate já de si repleto de qualidade, e defina o jogo à sua imagem. No jogo deste fim-de-semana, Aranhiço Carmim redefiniu as regras do guarda-redes, e ao fazê-lo, foi o principal responsável por mais uma vitória da sua equipa.

O jogo começou como sempre, equilibrado mas um pouco atabalhoado. As equipas demoraram a encontrar o fio de jogo, e a partida – novamente no regulamento do “Muda aos 5, acaba aos 10” - demorou até atingir os habituais níveis de interesse. Mas, contas feitas, foi um bonito encontro, aquele a que se pode assistir anteontem.

Pelo Mânfios FC, alinharam o regressado Chica, o recuperado Huga, Murta, o estreante Mega-Murta e Bruno; pelo Força Bruta, os habituais Carlos Pânzer, César, Sotor, o também estreante Finíssimo e Aranhiço Carmim.

E o equilíbrio foi mesmo a nota dominante dos primeiros dez minutos. O primeiro golo – do MFC - demorou algum tempo a surgir, mas a resposta, essa, não se fez esperar, e o empate nasceria logo no minuto seguinte, dando a sensação de que seria um embate equilibrado e emocionante. No entanto, o MFC não parecia disposto a amealhar mais uma derrota, e em pouco tempo, usufruindo de algumas falhas defensivas e de uma aparente confusão técnico táctica, colocou o marcador nuns claros 4-1, que ameaçavam, sem pudor, a até então hegemonia da formação do FB no campeonato. O intervalo chegava com o resultado de 5-2, que espelhava bem a desigualdade do início da partida, indiferente à boa recuperação de Sotor e dos seus rapazes. Apesar da boa reacção, os jogadores do FB não foram nunca capazes de ser melhores que a equipa anfitriã. Deixaram bons sinais para a segunda parte da contenda, e a garantia de que, fosse qual fosse o resultado final, iriam discuti-lo até ao fim. Uma garantia que surgiu com o aumento de qualidade do seu futebol. Tornou-se mais esclarecido e ordenado, e à certeza com que as jogadas de ataque eram desenhadas, juntou-se uma qualidade defensiva superior, assente no entendimento entre Sotor e Finíssimo. Mesmo a terminar a primeira parte, e a deixar a tal promessa de luta pelo resultado final, o FB haveria de assinar o melhor golo da partida. Aranhiço indica a Panzer, bem lançado na frente de ataque, onde vai colocar o esférico, e com um remate pleno de intenção e precisão, deposita-o bem nos pés do avançado que, com um toque singelo e refinado, faz passar a bola por cima de Chica. O estádio explodiu inevitavelmente com um golo digno da mais refinada relojoaria. Não é comum ver golos destes no campeonato, que resultam tão bem do entendimento e da precisão do binómio guardião-avançado.

A segunda parte veio confirmar o que o final da primeira já havia prometido: a reacção implacável do FB perante alguma placidez do MFC. E rapidamente se explicam as razões do desiquilibrio. Murta não conseguiu ser o jogador influente da jornada anterior, Mega-Murta acusou o jogo de estreia e mostrou estar longe da qualidade evidenciada pelos seus colegas, e Bruno apresentou-se em campo algo perdido e desenquadrado da táctica da sua equipa. Nem sempre no lugar certo, o avançado foi incapaz de contornar a muralha defensiva do adversário, não contribuindo sequer para colocar alguma pressão na recta final do encontro. Sendo assim, Huga e Chica eram os únicos a remar contra a segura maré futebolística dos jogadores contrários. Chica sempre seguro na defesa, perfeito na transição defesa-ataque, tacticamente disciplinado e certeiro no remate à baliza de Aranhiço, mostrou ser, de entre os jogadores do MFC, o mais fresco, o mais esclarecido, e o mais inconformado com a situação. Por seu lado, Huga foi o jogador que mais rematou na sua equipa. Apercebendo-se da dificuldade do seu ataque em produzir jogadas de golo, deixou a consução do jogo para Chica e assumiu ele a posição mais avançada no campo. Rematou muito, mas defrontou-se sempre com o mesmo problema: Aranhiço. Foi louvável, o esforço dos dois atletas, que, mal acompanhados pelos colegas, foram incapazes de dar a volta aos acontecimentos.

Do outro lado do terreno de jogo, estava uma equipa moralizada, segura e bastante entrosada, pese embora a inclusão de última hora de um jogador novo e sem nenhuma experiência neste campeonato, Finíssimo. Dotado de uma boa capacidade técnica, o jovem jogador apresente uma raça e uma determinação muito similar às de Huga, tendo sido, por essa mesma razão, o duelo pessoal entre estes dois jogadores, um dos motivos de maior interesse no jogo de Sábado. Finíssimo marcou golos, defendeu bem, e foi decisivo nos lances de golo, nomeadamente naqueles finalizados por Carlos. O Panzer esteve virtualmente imparável, marcando, nada mais, nada menos, que seis dos dez golos com que o FB acabaria o encontro. César voltou à sua melhor forma, correndo quilómetros, desenhando jogadas impossíveis, e ajudando a empurrar decisivamente o MFC para uma derrota inevitável. Sotor foi o trinco que há já muito tempo não se via na sua equipa. Defendeu, roubou bolas e, acima de tudo, foi o elemento determinante na destruição das iniciativas de contra-ataque da equipa adversária. E depois temos Aranhiço Carmim. Já toda a gente conhecia a sua capacidade enquanto guarda-redes. Imprensa e público eram unânimes em dizer que este era, provavelmente, o melhor e mais espectacular guardião a ter algum dia jogado nesta liga. Mesmo assim, ninguém esperaria do veterano jogador uma exibição tão brilhante quanto a de Sábado passado. Defendeu practicamente tudo o que havia para defender, mesmo aqueles remates que obrigam o público a gritar “golo” ainda antes da bola repousar no fundo das redes. Salvou a sua equipa de uma derrota que nada teria de surpreendente, já que, e apesar do bom futebol desempenhado pelos seus colegas, e da falta de solidez apresentada pelo MFC, o jogo foi disputado e quem gozou das melhores oportunidades de golo acabou mesmo por ser o conjunto anfitrião. Arrepiaram as defesas efectuadas a um poderoso remate de Chica em posição frontal à baliza, a um toque em jeito de Huga, aproveitando uma falha defensiva de Sotor, e uma saída a pés, novamente a remate de Huga, completada com nova defesa à recarga de Bruno – Aranhiço estava ainda no chão quando, com uma palmada, desviou a bola pela linha de fundo - e levantou o estádio, com um toque com a ponta dos dedos, enviando para canto um livre venenoso de Huga. Foi mágica, a participação do guarda-redes, e carregou a sua equipa às costas para uma vitória que não lhe fica mal, mas que sabe um pouco a injustiça.

Na recta final da contenda, o MFC ainda encontrou discernimento e força para pressionar o FB – aproveitando também algum excesso de confiança do oponente -, reduzindo a diferença para 9-7, mas Panzer e Finíssimo acabaram – com alguma sorte – por dar ao encontro a conclusão que já se aguardava há alguns minutos.

Resultado final, 10-7, numa partida espectacular, bem jogada, plena de lances bonitos de futebol e no qual brilhou uma estrela maior; Aranhiço Carmim.

Pontos altos do jogo:

O golo apontado por Huga, ainda na primeira parte, de calcanhar e longe da baliza de Aranhiço;

O lance do segundo tento do FB, passe de Aranhiço para uma conclusão espectacular de Carlos Pânzer;

A atitude de Chica e Huga, nunca baixando os braços e lutando sempre em busca de um melhor resultado;

A estreia de Finíssimo, nitidamente um jogador a ter em conta neste campeonato;

Pontos fracos do jogo:

O adormecimento de Murta;

A má exibição de Mega-Murta;

O desnorte de Bruno.







Tal como thuram, aceito teorias...


Cumprimetos, e até para a semana

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