Monday, July 07, 2008

 
28-06-08

O JOGO MAIS ESTRANHO


Sejamos sinceros: depois dos altos índices de intensidade e do futebol bonito do FB e do jogo mais cínico do MFC, evidenciados no jogo da semana passada, tudo levava a crer que o jogo desta semana não poderia despontar igual interesse. Enganados estavam os que cedo de mais vaticinaram esse julgamento. O embate do passado sábado teve todos esses ingredientes e em doses ainda mais generosas. Futebol aguerrido, bem disputado, correcto mas aqui e ali na margem do que é permitido por lei, e pleno de jogadas bonitas e finalizações espectaculares. O título desta peça destoa, é certo, mas aplica-se por causa da inexplicável razia a que a dada altura os jogadores brutenses foram sujeitos.

Antes disso, o jogo estava bem e recomendava-se. E a toada não era muito diferente da do jogo anterior. FB a atacar com tudo o que tinha, e MFC – equipa formada por Chica, João, Golias, Murta, Simão, Rodrigues, Chossas e Nunes - a fazer três golos em três remates à baliza. A aumentar ainda mais o caricato da situação, está o facto do primeiro golo ter sido apontado na marcação de uma grande penalidade bastante duvidosa e sem que a equipa manfiosa tivesse sequer rematado à baliza de Aranhiço.
Apesar da adversidade – e da frustração evidente que é sofrer três golos sem o merecer – os jogadores brutenses não baixaram os braços e continuaram a tentar o golo que faltava para, de uma vez por todas, levantarem a cabeça e rumarem à vitória que por pouco lhes tinha escapado no último encontro. E conseguiram-no. E conseguiram não só o empate como ainda chegar a um resultado de 5-3 que dava a ideia de que a vitória não andaria longe, tal a rapidez com que deram a volta ao marcador. Alinhando com Sotor, Nuno, Carlos, Finíssimo, Bruno, Paulo, George e Aranhiço, o FB deu mais uma vez a imagem de uma equipa sólida, criativa, boa na troca de bola e segura a meio campo. Mais uma vez liderada por Sotor, que fez o seu melhor jogo esta época, o FB tinha tudo para se sagrar vencedor do encontro. Não o fez devido a uma série estúpida de contrariedades. E que começou precisamente no momento em que Finíssimo e Carlos abandonaram o jogo. A equipa estava totalmente balançada no ataque e dominava por completo o seu adversário. A saída precipitada dos dois avançados condicionou de forma inegável o excelente jogo que o FB vinha fazendo. Finíssimo não estava a jogar tão bem quanto isso, mas mesmo assim é um jogador que tem sempre a baliza em vista e que arrisca e leva a bola para a frente. Carlos é Carlos. Ninguém cria espaços na defesa contrária como ele, ninguém inventa golos como ele e nenhum outro jogador prende os centrais contrários como ele. A sua saída foi determinante para o péssimo período de jogo brutense que se viria a seguir. Para piorar ainda mais uma situação que se previa letal, Nuno, até então a fazer um jogo impecável, saiu em virtude do agravar de uma lesão que já o tinha apoquentado no jogo anterior. O jovem defesa foi a revelação desse encontro, excelente a defender, dono e senhor da sua área de jogo, tacticamente excelente e de uma inteligência e antecipação anormais para um tão imberbe atleta. A sua saída foi o tiro de misericórdia do FB. Ferida de morte, a equipa foi presa fácil para os predadores manfiosos, que num ápice marcaram nada mais, nada menos, do que cinco golos sem sequer uma hipótese de resposta. Foi uma fase terrível para os brutenses, já que a diferença de qualidade era brutalmente esmagadora, mas que deu aos espectadores mais uma prova da inegável qualidade de Sotor. Foi nesta fase frustrante que o capitão mais se evidenciou, lutando, correndo, empurrando, guerreando cada posse do esférico. Sempre sem desistir e demonstrando uma enorme falta de vontade em entregar o jogo de mão beijada, Sotor tentou com todas as forças dinamizar a sua equipa, mas com fraco sucesso. Nessa altura já Simão se tinha passado para os lados do FB, e essa alteração veio-se a provar totalmente desastrosa, já que o jovem avançado, fazendo dupla com outro miúdo dos brutenses, Bruno, não fez mais do que lutar com o seu colega pelo lance mais bonito, pelo toque mais acrobático ou pelo golo mais fabuloso. O único resultado visível foi o tempo de jogo gasto em sucessivas perdas de bola e em lances de golo estrondosamente falhados. Só com a mudança de equipa operada por João é que as coisas se equilibraram. A equipa voltou a ser competitiva, e readquiriu as mesmas armas do seu adversário: calma, clarividência e qualidade no passe. Recuperou de um resultado negativo e alcançado de forma humilhante, e conseguiu mesmo terminar o jogo na posição de vencedora.

Foi tudo demasiado rápido e privado de qualidade. Se a primeira metade do jogo foi espectacular e extremamente bem disputada, a segunda ficou muito a dever a todos os que se deslocaram ao estádio naquela manhã soalheira de sábado. Durante largos minutos o jogo parecia estar a ser disputado por equipas de dois escalões diferentes, tal a diferença na qualidade do futebol apresentado. A coisa só se normalizou graças à anormal mudança de equipas de um jogador que em qualquer lugar do mundo faz a diferença, João.

Ainda assim, são merecedoras de destaque as exibições de alguns jogadores. De Chica, desde logo, porque fez um jogo enorme. Foi o jogador que mais correu na sua equipa e aquele que mais fez por combater, numa primeira fase, a superioridade dos adversários, e já na recta final do encontro, um novo ascendente brutense. De Golias, novamente a desempenhar tarefas defensivas, deixando o ataque para os seus colegas, e sendo um dos principais responsáveis pela segurança do meio campo manfioso. De Nunes, que atacou muito e que apontou um golo fabuloso. E finalmente de Rodrigues, que depois de um longo período do jogo sem preocupações teve, nos minutos finais, de se aplicar a fundo e inventar uma mão cheia daquelas defesas que o fizeram famoso. Rodrigues alinhou unicamente para dar algum descanso aos guarda-redes que têm vindo a ser titulares, já que tentava há algumas semanas recuperar de uma grave lesão no punho direito. Já depois do fim do jogo, o departamento médico do MFC emitiu um comunicado em que fazia saber que o veteraníssimo guardião havia piorado essa mesma lesão e que muito provavelmente não voltaria a defender as redes da sua equipa, pelo menos até ao início da próxima época.

O jogo foi estranho. Estranho porque teve três partes bem distintas, de qualidade futebolística variada, de motivos de interesse bem distintos e porque mostrou duas equipas à procura de recuperar o tipo de jogo que melhor as identifica. O meio do campeonato significou o baixar da qualidade do jogo. A intensidade quebrou um pouquinho, especialmente se tivermos em conta que o arranque do campeonato foi coisa imprópria para cardíacos. A aproximação das derradeiras jornadas pode trazer alguma emoção, já que nada está ainda decidido e o campeão é, por esta hora, coisa por determinar. Será que o próximo jogo vai trazer alguma luz a este assunto. As hostes futebolísticas aguardam

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