Monday, January 21, 2008

 
SEM RESPOSTA!



Quando um jogo tem como pontos altos a ausência de um jogador, e a mudança táctica de outro – por muito que esses factores possam ser determinantes -, torna-se fácil concluir que não terá sido propriamente um encontro de boa qualidade ou sequer interessante, aquele que teve lugar no Sábado passado.
E de facto assim foi. A esmagadora superioridade da equipa do Força Bruta face ao seu rival de sempre, Mânfios FC, foi de tal ordem, que o resultado, mesmo concludente, peca por ser reduzido. A diferença entre as duas formações foi como nunca tinha sido até aqui, e mesmo a falta de Sotor – impedido de alinhar pelo seu clube devido a uma lesão antiga – não chegou para atrapalhar o desenho táctico dos brutenses, que jogaram sempre como se o veterano capitão estivesse em campo. Mas é realmente um facto de realçar, a falta do jogador mais experiente deste campeonato. A sua não convocatória é algo de tão raro, que temos de recuar à longínqua época de 86-87 para recordarmos a última vez que Sotor falhou um encontro. Na altura, defendendo as cores do Burgessos de Campanhã de Baixo, o atleta contraiu uma doença rara, provocada pela picada de mosquito azul de lombo listrado do Gana, que o afastou dos relvados no jogo com o Heróis do Ultramar. O outro factor supreendente – e este sim, determinante para o desenlace da partida – foi a posição ocupada por Carlos no rectângulo de jogo. Habitualmente um dos mais prolíferos ponta de lança do campeonato, Carlos desta feita foi remetido para a um papel mais defensivo, e a táctica acabou por resultar na perfeição, já que foi ele o responsável pela fraca produtividade dos manfiosos nos lances de ataque. Incapazes de controlar o meio campo como é usual, os jovens jogadores nunca conseguiram abeirar-se da baliza de Aranhiço com o perigo com que o costumam fazer.

O jogo começou algo atrapalhado e sem grande definição, e a prová-lo estão os largos minutos decorridos sem que uma ou outra equipa conseguissem o tão almejado golo inaugural. Marcou primeiro o MFC por intermédio de Chica, num raro lance com pés e cabeça, culminado com um fulminante remate ao qual Aranhiço não esboçou sequer um gesto de defesa – João estava em cima da linha de golo, e o veterano guardião confiou (erradamente) na posição do colega. A reacção do FB foi imediata, e em poucos minutos Carlos e Huga deram a volta ao resultado, e empurraram a equipa para um confiante 6-1. O último golo do MFC, desenhado por Barandas e finalizado por Murta, seria o canto do cisne de um MFC claramente sem ideias e sem a força anímica necessários para contrariar a rapidez e a clarividência do adversário.
Claramente em desvantagem, a equipa formada por Chica, Barandas, Murta, Golias e Chossas, nunca soube encaixar no modelo de jogo dos visitantes, e os erros acumulados, tanto na defesa como no meio campo, tornou-a uma presa demasiado fácil – quase dócil – para um conjunto de jogadores que demonstrou sempre um grande índice de entendimento e de aproveitamento das falhas contrárias. Aranhiço, Bruno, Carlos, João e Huga, colmataram a falha de Sotor ocupando na perfeição as posições no centro do campo, e usaram de uma invulgar rapidez na transição da defesa para o ataque, através de passes rápidos e curtos, baralhando os defesas manfiosos e criando sucessivas oportunidades de golo. Chica, claramente em défice físico, não foi nunca o jogador sólido e inultrapassável de outros jogos; Murta esteve ausente da quase totalidade do encontro; Barandas foi o pior inimigo da sua própria equipa. Golias foi um verdadeiro gigante e sem dúvida alguma o melhor jogador do MFC. Demonstrou sempre uma inegável força de vontade e um inconformismo inabalável, mas sozinho não conseguia chegar para dois, três e por vezes quatro jogadores adversários em plena grande área. Nesse sentido, Chossas foi uma verdadeira descoberta, defendendo as redes da sua baliza de uma forma corajosa e quase impensável para um jogador que costuma brilhar na frente de ataque. Tivessem os restantes jogadores seguido o magnífico exemplo destes dois atletas, e o resultado final teria sido outro bem distinto.

Como tal não se verificou, o jogo foi um verdadeiro passeio para o FB. Carlos foi, como já se disse, um muro largo demais para que os atacantes contrários o conseguissem contornar. Um verdadeiro pesadelo na defesa, nunca perdeu, contudo, o sentido da baliza adversária. À sua boa maneira, Carlos foi o melhor marcador do jogo com quatro golos, lutou sempre pela posse da bola, deu passes de morte e acabou o jogo em grande, marcando a sua posição em campo de forma esmagadora. Foi sem dúvida alguma o melhor jogador da partida. Foi bem apoiado, no entanto, por Huga, que voltou decisivamente às boas exibições. O jovem jogador jogou e fez jogar, e foi incansável nas manobras atacantes. Conseguiu, por motivo da incapacidade do adversário, fazer aquilo que mais gosta, ou seja, pegar na bola bem juntinho à sua baliza, e correr o campo de forma solta e desinibida, sempre com os seus colegas mais avançados na mira. Bruno foi mais decisivo na defesa ao meio campo do que propriamente no ataque à baliza manfiosa, e João, mesmo não fazendo um jogo brilhante, marcou três dos golos da sua equipa e voltou a ser um dos melhores em campo. Aranhiço, por sua vez, quase não transpirou. Sem grandes motivos para alarme, o guarda-redes foi um espectador tranquilo de um jogo com um só sentido, e raras foram as vezes em que teve que intervir, protegido que estava por um meio campo tremendamente eficaz.

E a verdade do jogo não se reflecte de modo algum no 10-2 com que a partida chegou ao fim. O resultado só surpreenderá aqueles que não assistiram ao jogo, e espelha apenas um pouco do que foi o poderio brutense. Os erros sucessivos do MFC são difíceis de explicar, e demasiado infantis para uma equipa desta categoria, e que vinha dominando os acontecimentos. Durante meia dúzia de semanas, os manfiosos mostraram que estavam bem vivos e que continuavam a lutar pelo título. No entanto, uma reacção positiva era há já muito aguardada por parte da massa adepta ao FB. Essa reacção está definitivamente instalada, e a cada semana que passa deixa no ar uma maior ansiedade e incerteza no que à jornada seguinte diz respeito.
O que se espera do jogo do próximo Sábado – caso não haja outra catástrofe como esta – é um embate de gigantes, repleto de emoção e combatividade. Serão os jogadores brutenses capazes de manter o altíssimo nível que imprimiram a esta última partida? Ou será que os jovens manfiosos conseguirão impor novamente a sua elevada qualidade técnica e a sua já clássica velocidade, e roubar novamente o primeiro lugar aos seus arqui-inimigos?

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